Crevisa sofre ‘ataques constantes’ de ONGs protetoras, diz Prefeitura

Ricardo Welbert

Quatro dias após o Agora divulgar os resultados de 14 exames feitos por uma veterinária e um biólogo do Centro Universitário de Formiga (Unifor) em carcaças de animais submetidos a eutanásia no Centro de Referência de Vigilância em Saúde Ambiental (Crevisa) de Divinópolis e que mostram que alguns animais não tinham leishmaniose, como o órgão divinopolitano havia informado, uma nota com esclarecimentos foi divulgada ontem.

De acordo com o Crevisa, os laudos de necropsia realizados a pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentaram dados divergentes ou não conclusivos e não descaracterizaram a necessidade da eutanásia realizada, uma vez que a divergência considera apenas que dois animais apresentaram resultado negativo para leishmaniose visceral canina.

— O motivo apresentado na ficha de atendimento do veterinário responsável foi o sofrimento e a fase terminal de doença e não necessariamente leishmaniose visceral canina. Os exames de DPP [sigla do inglês Dual Path Platform] são realizados sempre a título de estatística epidemiológica — diz o Crevisa.

Perseguição

O órgão afirma ainda que tem sido alvo de “ataques constantes” por parte de organizações não governamentais (ONGs) ligadas à proteção de animais que discordam da forma como o centro de referência atua e, por isso, já denunciaram o órgão ao MPMG por várias vezes.

— Em todas as vezes, comprovou-se que o Crevisa age dentro da legislação vigente e todas as denúncias foram arquivadas — ressalta.

A Secretaria de Saúde (Semusa), que administra o Crevisa, reafirma que colavora com a investigação e que continuará atuando com ética e de acordo com a legislação.

Outros lados

Procurado pela reportagem para comentar a desqualificação dos resultados pelo Crevisa, o Unifor não respondeu até o fechamento desta matéria, às 18h.

Já o promotor Leandro Wili, do MPMG, que determinou a realização dos exames no Unifor, diz que a crítica feita pelo Crevisa não influencia na apuração dos fatos.

— Vamos anexar ao inquérito. Isso não muda nossa linha de investigação — afirma.

Ainda segundo Wili, existem “divergências graves” nos 14 laudos. Por isso, ele pretende intimar membros do Crevisa a depor sobre os casos. Ele também pretende ouvir a equipe de laboratório da Unifor. As conversas, afirma, então sendo agendadas por ele para depois de domingo, 20.

Sobre a perseguição que o Crevisa afirma sofrer por parte de ONGs, Josiane Barreto Assunção, presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Divinópolis (Spad) nega.

— A Spad já denunciou o Crevisa ao MPMG por duas vezes. A primeira foi sobre medicamentos vencidos. A segunda foi sobre os cães que voluntárias nossas fotografaram dentro de freezers e que são o assunto desses laudos do Unifor. Apenas cumprimos o nosso papel, que é de acompanhar a elaboração e a realização de políticas públicas voltadas aos direitos dos animais. Se o poder público não quer ser denunciado, que faça bem feito o que lhe cabe. Continuaremos fiscalizando — finaliza.

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