Zema encaminha projeto que concede reajuste para servidores

Valor de 10% é menor do que o exigido por duas categorias; pressionado, governador afirma que está “fazendo de tudo” para melhorar a vida dos mineiros

 

Bruno Bueno

Após a imensa pressão de sindicatos e do funcionalismo público de Minas Gerais, o governador do Estado, Romeu Zema (Novo), anunciou, na tarde de ontem, que vai encaminhar um projeto à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) concedendo um reajuste salarial de 10% para os servidores estaduais.

Em publicação nas redes sociais, Zema explicou os detalhes do projeto, que ainda inclui um aumento no auxílio alimentação.

— Encaminharei hoje à ALMG, em regime de urgência, um projeto de reajuste de 10% para todo o funcionalismo mineiro. Ativos, inativos e pensionistas, com vigência a partir de maio. Além da recomposição salarial, também faremos o reajuste da ajuda de custo recebida pelos servidores civis. Quem recebe hoje R$ 47 de auxílio alimentação passará a receber R$ 75 por dia, entre auxílio e ajuda de custo — disse.

 

Dificuldades

Justificando o atraso, o governador retomou um discurso conhecido ao relembrar as dificuldades encontradas por sua gestão desde o começo do mandato.

 — Os mineiros sabem as dificuldades que superamos nos últimos anos. Além de crises e pandemia, desde 2019 estamos equilibrando as contas e arrumando a casa do Governo de Minas, que possui uma dívida de R$ 140 bilhões acumulada por governos passados — ressaltou.

Zema prosseguiu dizendo que, mesmo com as dificuldades, fará um esforço para diminuir o impacto das crises, pandemia e inflação.

— No meio disso, ainda tivemos a alta da inflação, que reduziu o poder de compra de todos, afetando os nossos servidores, em especial aqueles que estão há muitos anos sem reajuste salarial. Sabendo da importância do tema, faremos um grande esforço para amenizar essa situação — pontuou.

 

Educação e Forças de Segurança

O governador de Minas procurou agradar duas áreas que estão em ameaças constantes de paralisação no Estado. A Segurança Pública, que realizou manifestações na capital nesta semana, receberá um acréscimo no abono fardamento, benefício destinado a agentes para a compra de fardas.

— Para os membros das Forças de Segurança, também enviarei hoje projeto de lei para Assembleia, para que abono fardamento, que hoje é pago em única parcela em abril, seja ampliado para três parcelas, a serem pagas em março, junho e outubro, cada um valor no de 40% da remuneração de um soldado — afirmou.

 

Já o setor de Educação, que prometeu uma greve no dia 8 de março, receberá o reajuste retroativo a janeiro. Segundo o governador, outros benefícios devem ser destinados ainda neste ano.

— Já para os profissionais da Educação, o reajuste de 10% será retroativo a janeiro. Uma conquista que se soma à recente incorporação dos abonos e o pagamento das férias-prêmio. Além disso, enviaremos ao longo do ano projeto que regulamentará uma bonificação adicional pelo desempenho das escolas e alunos — relatou.

Apesar das bonificações, o valor exigido por sindicatos da categoria é bem maior do que o oferecido por Zema. Enquanto o setor de Educação pede 33%, as Forças de Segurança Pública querem 41% de recomposição.

 

‘Estou fazendo de tudo’

Zema afirmou que reconhece o trabalho dos servidores e que faz de tudo para melhorar a vida dos mineiros. Ele aproveitou para alfinetar os governos anteriores.

— Reconheço muito o trabalho e empenho de todos os servidores do Estado, em especial durante esta pandemia que ainda estamos lutando para vencer. Estamos fazendo tudo que é possível para melhorar a vida dos mineiros e não podemos retroceder ao cenário de desequilíbrio e caos que vigorava há três anos atrás — enfatizou.

 

O chefe do Executivo finalizou o discurso de quase três minutos afirmando que as condições apresentadas estão no limite do que o Estado pode oferecer.

— O cobertor das contas públicas é curto e, portanto, o compromisso que faço hoje com os servidores públicos de Minas são conquistas que, neste momento, estão no limite da possibilidade do Estado. Com transparência no presente e responsabilidade com o futuro de todos os mineiros, seguiremos avançando — esclareceu.

 

Protestos

A medida acontece em meio à pressão de sindicatos e servidores que cobram reajustes salariais. Na última segunda, membros das Forças de Segurança realizaram um protesto próximo à praça da Estação, em Belo Horizonte, que contou com a participação de membros de Divinópolis e outras cidades do interior.

À reportagem, membros sindicalistas da Educação confirmaram uma paralisação no dia 8 de março. De acordo com representantes do  Sind-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) em Divinópolis, membros da pasta já se reuniram com servidores de escolas estaduais da cidade para convencê-los a aderir à greve.

 

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