Vigilância em Saúde garante que larvicidas vencidas não foram utilizadas

Cartelas do produto contra dengue foram encontrados em posto de saúde do Niterói

Ígor Borges

Mais uma vez, a dengue é uma das principais preocupações no município. E dentro do tema, houve uma denúncia sobre a presença e utilização de larvicidas vencidas no  posto de saúde do bairro Niterói nesta terça-feira. 

A denúncia veio do Conselho Municipal de Saúde (CMS), que havia sido notificado sobre o vencimento de produtos em outra unidade, o que não foi comprovado. 

A Prefeitura confirmou o caso e destacou em nota que a função de fiscalizar a validade dos larvicidas é dos Agentes Comunitários de Endemias e de seus supervisores. 

Em entrevista ao Agora,  ontem à tarde, a diretora de Vigilância em Saúde, Érika Camargos, ressaltou que os produtos vencidos não foram utilizados pelos agentes de endemia.

Produtos vencidos

Acionado pelo secretário do PT, Vitor Costa, o Conselho de Saúde realizou inspeções em duas unidades de saúde de Divinópolis. Em uma delas, cartelas de “larvicida Nutella” vencidas foram encontradas. O material é utilizado no combate à dengue. 

De acordo com Vitor, moradores da região notaram que as larvas do mosquito Aedes aegypti não estavam morrendo após a aplicação do produto. Ele fala sobre a ida às unidades. 

— Eu provoquei o Conselho para me acompanhar. Primeiro fomos no Belvedere, e não encontramos nada. Depois fomos ao Niterói, e o conselho entrou  na unidade e encontrou o material vencido, que estava junto com EPI´s dos agentes em um armário da unidade. Além disso, não haviam produtos com validade no local — 

— destacou Vitor. 

O conselho identificou que as cartelas do larvicida que eram armazenadas na unidade de saúde do bairro Niterói estavam com validade até dezembro de 2023. 

Não foram utilizados

A diretora de Vigilância em Saúde, Érika Camargos, em entrevista ao Agora, falou sobre o caso. Ela destaca que os larvicidas vencidos não foram utilizados. 

— Os ACE´s disseram que os larvicidas encontrados na unidade estavam ali para troca e que os larvicidas dentro da validade estavam em suas mochilas, e não no armário. Isso acontece porque o trabalho dos agentes é na rua — relatou.

Ela pontua ainda sobre a utilização dos produtos. Diz que os larvicidas só são usados em locais onde não é possível eliminar o reservatório de água parada. 

— Os agentes não ficam com grande quantidade de cartelas em mão, pois o larvicida é usado nos locais onde não consigo eliminar o reservatório. Esse é o primeiro processo que deve ser feito — comentou.

Prefeitura 

Por sua vez, a Prefeitura confirmou o caso e disse que na região citada, nenhuma solicitação para troca do produto foi feita pelos agentes de endemias. 

— Os larvicidas são entregues aos supervisores dos ACEs de cada região e os mesmos entregam para os ACEs, que possuem a responsabilidade de verificar a validade do material utilizado quando de sua aplicação e contatar a diretoria para a substituição do produto quando necessário — pontuou o Executivo. 

 

A secretária de Saúde, Sheilla Salvino, determinou uma varredura em todas as unidades de apoio e almoxarifados para averiguação de datas e acondicionamento de todos os itens.

— Classifico o fato como gravíssimo e, de pronto, determino a abertura de uma sindicância para apuração das responsabilidades  e, uma vez identificados os responsáveis, que se proceda à instauração do Processo Administrativo Disciplinar (PAD). Pedimos desculpas à população, tomaremos medidas eficazes para que isso não volte a ocorrer — relatou. 

A Prefeitura ainda disse ainda que a unidade onde foi encontrada a larvicida será reavaliada.

Casos 

Até o dia 30 de janeiro, data do último levantamento, Divinópolis contabilizou:

- 1005 notificações e 404 casos confirmados de dengue;

- 1 caso confirmado de chikungunya;

O município ainda investiga dois óbitos suspeitos de vírus transmitidos pelo Aedes aegypti. 

Os cinco bairros da cidade com mais notificações da doença em 2024 são Centro, São José, Planalto, Porto Velho e Tietê.

Focos e cuidados

Após o 1º LIRAa mostrar que 91% dos focos da dengue estão nas em residências. A confirmação mostra que a  população precisa ficar ainda mais atenta com locais que possam ser foco das larvas do mosquito transmissor da doença.

Segundo o relatório, as larvas foram encontradas em diversos reservatórios, como garrafas e pneus, pratos e vasos de plantas, ralos e sanitários em desuso, como tanques e poços e até mesmo em ocos de árvores.

O agente de controle de endemias, Leonardo Jerônimo, comenta que os cuidados são pequenos, mas que devem ser realizados.

— A recomendação é separar aqueles 10 minutinhos semanais e fazer aquela vistoria do imóvel. Além de verificar quais reservatórios podem ser removidos — salienta.

A agente de endemias, Sílvia de Oliveira, orienta sobre os procedimentos. 

— A Semusa ressalta ainda que, na presença de algum sintoma da doença, procure atendimento em um estabelecimento de saúde para orientações e não faça uso de medicamentos sem prescrição — disse. 

Os moradores devem notificar e denunciar locais com focos e reservatórios do mosquito no número (37) 3229-6823. 

 






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