Vereadora acusa Executivo de compra de silêncio

Administração informou que não haverá audiência para discutir recursos da Vale

 

Matheus Augusto

A vereadora Lohanna França (Cidadania) acusou o Executivo de comprar o silêncio de edis com verba dos recursos da Vale ‒ dos R$ 15 milhões destinados à cidade, R$ 6 mi já estão em caixa. Lohanna explicou que gostaria que fosse realizada uma audiência pública para ouvir os moradores sobre as principais demandas, antes de o Executivo definir as prioridades de investimentos. 

Em resposta, a Prefeitura se limitou a dizer que cabe ao prefeito Gleidson Azevedo (PSC) definir onde os recursos serão aplicados.

— Não haverá audiência pública. Sobre os 15 milhões da Vale é o Executivo que determina como será realizada a destinação, para tanto foi decidido pelo prefeito que será realizado para calçamento poliédrico nos bairros periféricos em Divinópolis — informou, em nota.

 

Denúncia

Dentre as áreas com defasagem em Divinópolis, Lohanna citou a saúde.

— Quantas unidades de saúde têm acessibilidade garantida para deficinetes? Quantas unidades de saúde não estão tomadas pelo mofo? Será que algum consultório privado poderia funcionar nessas condições? Não poderiam — questionou.

Segundo a parlamentar mais votada da atual legislatura, os vereadores, direta ou indiretamente, deixam claro em seus discursos que “o Executivo ofereceu calçamento em troca de silêncio sobre a discussão do dinheiro da  Vale”.

Após a fala, ela reproduziu áudio em que o prefeito Gleidson diz: “o dinheiro da Vale, é o prefeito, junto com alguns vereadores, praticamente todos, para podermos destinar para fazer calçamento em bairros. Então não perca tempo com audiência pública porque você só vai perder seu tempo”.

— Se tem alguma coisa mais velha política do que decidir alguma coisa com alguns vereadores usando dinheiro público eu não conheci ainda — citou.

A vereadora voltou a destacar situações que precisam de atenção do poder público para além de calçamento.

— Tem mãe, senhora, carregando o filho cadeirante no colo para entrar no posto — relatou.

Ela citou, ainda, que o posto de saúde do Jardinópolis precisa de uma sede própria e, na unidade do Ipiranga, chove no consultório do dentista. 

 

Resposta

Eduardo Azevedo (PSC), em resposta ao pronunciamento, defendeu o irmão.

— Quem tem a caneta para assinar é o prefeito. A minha função é fiscalizar — ressaltou.

Segundo Eduardo, que não citou o nome de Lohanna, a vereadora queria “colocar ONG [Organizações Não Governamentais] e sindicatos” na sugerida audiência.

Ele orientou os interessados a procurarem se “informar melhor”, pois o recurso não será investido somente em pavimentação.

— O prefeito não vai fazer só calçamento. Vai fazer infraestrutura, o posto de saúde São José e a reforma do posto do Danilo Passos — exemplificou.

Por fim, Azevedo disse que o prefeito está sendo transparente com o processo e que “ela só sabe reclamar”.

Lohanna pediu direito de resposta, mas, por não ter seu nome citado, o presidente em exercício, Israel da Farmácia (PDT), negou.

 

Tema dominante

Um dos principais temas da reunião de ontem foi saúde. O primeiro a abordar o assunto foi o cidadão Sebastião Lúcio Veloso, que apresentou, na Tribuna Livre, sugestões para melhoria do atendimento na Farmácia Municipal. Segundo ele, é preciso implantar medidas para que os usuários não cheguem ao local e não encontrem seu medicamento.

— Pela extensão geográfica do nosso município, o cidadão precisa andar longas distâncias — citou.

A vereador Ana Paula do Quintino (PSC), primeira a discursar, concordou com o tribuno.

— A logística de medicamentos precisa mudar — afirmou.

Sua sugestão, com base em experiências observadas em outras cidades, é a entrega de medicamentos em domicílio. 

— É mais cômodo, mais fácil. Temos muitas pessoas acamadas — justificou.

Ana Paula também solicitou ao secretário de Saúde, Alan Rodrigo, um olhar cuidadoso às unidades de saúde. 

— Continuam chegando reclamações de diversas unidades para a marcação de mamografia e outros exames. Se a ponta não funcionar, não adianta — criticou. 

Josafá Anderson (Cidadania) também ressaltou a importância das reformas para sanar as “precariedades em algumas unidades de saúde”.

— Vemos que tem unidade que chega a ser desumana. (...) É uma afronta à população e aos funcionários, os servidores trabalharem num ambiente daquele. Como a Vigilância autoriza uma unidade de saúde funcionar assim? — refletiu.

Ele citou outros problemas, como chuvas dentro dos ambientes internos e paredes mofadas. 

 

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