Venda de carros zero em Divinópolis ainda é normal

Temor é que a suspensão na linha de produção nas grandes montadoras atinja em cheio o setor

 

Jorge Guimarães

 

O temor de uma crise começou a rondar o mercado de veículos novos, desde que grandes montadoras, como a Volkswagen, GM, Stellantis, Mercedes-Benz e Hyundai, anunciaram nesta segunda-feira, 20, a suspensão nas suas linhas de produção e deram  férias coletivas aos funcionários a partir da data da decisão. A justificativa deve-se à diminuição da demanda por veículos novos no país, o que levou à necessidade de uma readequação dos níveis de produção.  A Fiat é uma das marcas da Stellantis. A reportagem, em contato com a assessoria de comunicação da empresa, constatou que na unidade de Betim haverá férias coletivas, a partir desta semana, por dez dias, e o motivo é a falta de componentes.

 

Divinópolis

 

A reportagem ouviu as maiores concessionárias de carros zeros que atendem Divinópolis e região e verificou que as vendas estão estabilizadas, quando comparadas a igual período de 2022. No entanto, pôde verificar que as consequências das paralisações ainda não atingiram o mercado na cidade. 

o Dealer das revendas da Volkswagen e Fiat, Sérgio Soares Pereira, disse que a procura pelo carro zero está boa, mas as ofertas das montadoras não estão em alta. Mesmo assim, conforme ele, tem hoje um estoque  para pronta entrega, meio acima do normal, de 65 veículos. 

—O campeão de vendas, é mais uma vez, a camionete Strada, com fila de espera de quatro a seis meses. Já no caso da Fiat Toro a diesel, você acha de pronta entrega,  mas a flex está difícil de conseguir. Quanto aos veículos da Volkswagen, também a procura é dentro da normalidade. Por outro lado, há também a retração da demanda em função da dificuldade de acesso ao crédito, os juros estão os mais altos dos últimos anos, entre 1,8% e 2% ao mês— explica. 

Segundo ele,  clientes estão evitando os financiamentos e preferindo a troca e o restante em dinheiro.

— Mesmo assim os números são promissores, somente em fevereiro foram emplacados 110 veículos, sendo 47 da marca Fiat, e no acumulado do ano um total entre 300 a 320 novos emplacamentos. Acredito que vendas em baixa não devem reduzir os preços dos veículos— opina. 

Em concessionária na cidade, as vendas estão dentro da expectativa de começo de ano.

— A Mitsubishi não para é que confirmam as vendas de 50 unidades até fevereiro e já começamos março a todo vapor e com boas expectativas para o restante do ano — avalia o consultor Guilherme Mesquita Nunes.

A paralisação pode vir afetar as vendas num futuro próximo, é o que pensa o gerente de vendas de outra importante concessionária da cidade.

— Hoje, nossas vendas estão boas, dentro de um parâmetro de início de ano. Mas a paralisação das montadoras pode afetar as vendas nos próximos meses. Mas nossas expectativas são as melhores possíveis em relação às vendas no acumulado do ano — disse o gerente de vendas, Hiago Moreira da Silva.

Dificuldades em atender aos clientes em alguns modelos e cores é a preocupação de outra representante da cidade.

— Nosso único problema é que não consigo atender, de pronta entrega, alguns modelos com cores específicas, de acordo com o que o cliente quer. Mas as vendas no geral estão dentro do previsto para o início do ano. Até o momento comercializamos cerca de 27 unidades, nos dois primeiros meses, se não fosse esse pequeno detalhe nas cores de certos modelos, as vendas teriam sido maiores, — avalia a gerente de vendas, Graziela Ribeiro.

 

Brasil

 

Em nota, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) disse que o mercado reagiu no primeiro bimestre, embora ainda restrito por questões de oferta, falta de componentes, e demanda,  crédito limitado.

— Apesar do feriado de carnaval e das fortes chuvas, no litoral paulista, fevereiro teve um crescimento na média diária de vendas de autoveículos que ajudou o primeiro bimestre a fechar com saldo positivo. A média de 7,2 mil unidades/dia ficou 11% acima das 6,5 mil/dia em janeiro. Com isso, o primeiro bimestre deste ano teve 272,8 mil emplacamentos, 5,4% a mais que no mesmo período de 2022. Ressaltando que no ano passado o carnaval caiu em março, o que pesa a favor do desempenho do mercado neste início de ano — resumiu a nota. 

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