Usina de Asfalto pode virar realidade no próximo ano

Iniciativa do ex-vereador Matheus Costa na legislatura passada engata e deve sair do papel

 

Matheus Augusto

Rejeitada por unanimidade pelo ex-prefeito Galileu Machado (MDB) e demais prefeito da região, a usina de asfalto pode chegar a Divinópolis no próximo ano. Está aberto o edital para contratação, conforme anunciou a Prefeitura. A expectativa é conseguir um equipamento capaz de produzir entre 20 a 40 toneladas por hora. As exigências constam no Diário Oficial dos Municípios Mineiros, publicado na sexta-feira, 17. Segundo a Prefeitura, a disputa para conhecer a empresa vencedora será em 13 de janeiro de 2022, a partir das 10h. 

— A contratada terá o prazo de quatro meses, a contar da emissão da ordem de fornecimento, para montagem, instalação, testes e treinamentos. A construção da usina terá o prazo de três meses; e os demais serviços, o prazo de um mês — informou o Executivo.

Para o prefeito Gleidson Azevedo (PSC), a usina se faz necessária para ampliar o processo de pavimentação e manutenção das vias. 

— Buscamos economizar recursos e realizar de maneira eficiente as obras necessárias para satisfazer as necessidades da população. O Município precisa investir muito em infraestrutura devido à expansão urbana e ao desgaste do asfalto já existente — justificou.

 

Cronologia

O tema apareceu pela primeira vez ainda em 2017, quando, em evento da Associação dos Municípios do Vale do Itapecerica (Amvi), citou-se a possibilidade de a usina de asfalto chegar a Divinópolis, por meio do Ministério das Cidades. À época, Galileu deu indícios de ser favorável à iniciativa.

— Porém, ao tomar conhecimento dos custos, a própria Amvi desistiu da implementação do equipamento — informou a Prefeitura na época.

A cerca de um ano de se despedir do cargo de prefeito, sua gestão sofreu diversas críticas sobre os buracos na via. A reclamação, inclusive, levou Machado a solicitar o empréstimo para a pavimentação e o recapeamento de pontos da cidade. No entanto, a proposta de uma usina de asfalto como solução para o problema voltou a ser divulgada. Dessa vez, seria financiada por emenda parlamentar de R$ 1,5 milhão do senador Carlos Viana (PSD), emenda articulada pelo deputado estadual Cleitinho Azevedo (Cidadania) e do então vereador Matheus Costa (Cidadania). 

Em janeiro de 2020, a Prefeitura ressaltou, em nota, que a aquisição de uma unidade não era viável para o Município. Entre os entraves citados estavam altos investimentos para a aquisição e preparo dos insumos, além dos trâmites ambientais devido à poluição e treinamento específico para utilização dos equipamentos. Outro argumento é de que a usina prevista para comprar teria produção de 40 toneladas por hora, enquanto a cidade consome apenas 20 por dia. 

— A coisa mais barata nesta história toda é a construção da Usina de Asfalto. Mas tem os gastos altíssimos com o insumo para a produção do asfalto, a base para aplicar, preparação de solo, mão de obra etc. Isso gera um custo muito alto que o Município não consegue se comprometer a ficar com a usina — informou, na época, o líder do governo de Galileu, Eduardo Print Jr (PSDB).

Em março daquele ano, em novo comunicado, a Prefeitura lamentou que a compra da usina de asfalto tenha sido utilizada como “artimanha política”.

— Administração Municipal lamenta que o assunto usina de asfalto continue sendo usado como artimanha política de pessoas interessadas em antecipar o processo eleitoral do final deste ano — afirmou.

 

Legislativo

Na Câmara, o tema também gerou cobranças e críticas. De um lado, os defensores, como o ex-vereador Matheus Costa, autor da iniciativa, que citavam a usina como solução para a quantidade de buracos na cidade.

— Você [Galileu] tinha a varinha de arrumar o asfalto de Divinópolis. Só que, por falta de diálogo entre a base e a oposição, pessoas que pensam diferente do Executivo, infelizmente, [a Prefeitura] deu mais esse “tiro no pé”, porque poderiam ter colocado os buracos em Divinópolis nas minhas costas e do Cleitinho — argumentou Costa.

Do outro, parlamentares como César Tarzan (PSDB), citou Juiz de Fora como exemplo de cidade com usina que ainda sofria problemas de mobilidade urbana.

— Eu fui enganado, porque quando eu ouvi aqui que Juiz de Fora tem essa usina e que os bairros carentes teriam seus problemas resolvidos, eu visitei o prefeito para brigar com ele. Eu fui massa de manobra, igual muitas pessoas que compartilharam isso, achando que ia resolver os problemas da cidade — declarou.

 

Massacre na votação

Em reunião em março do ano passado, os membros da Amvi rejeitaram por unanimidade a usina de asfalto, ou seja, 13 votos a 0. O presidente da organização e prefeito de Cláudio, José Rodrigues Barroso de Araújo, explicou, após a votação, que se Divinópolis, cidade com maior contribuição à Amvi, não se vê capaz de lidar com a produção da usina de asfalto, os outros municípios seriam irresponsáveis em receber a estrutura.

— A Amvi é composta por 13 municípios, e Divinópolis representa quase 50% da arrecadação. A sede está aqui em Divinópolis, e, como é distribuído de acordo com o FPM [Fundo de Participação dos Municípios] de cada cidade, Divinópolis banca a maior parte do custo. Se o Município não tem interesse no equipamento, os municípios menores também têm condições de aceitar, porque ele é inviável tecnicamente — defendeu.

A Amvi citou cinco justificativas para a recusa: falta de recursos para custear a compra de materiais e a manutenção da usina; de mão de obra técnica e especializada para a produção e aplicação do asfalto; dificuldade em se estabelecer o rateio entre os consorciados; centralização de serviços desta natureza está na contramão da administração moderna, em razão de não ser um serviço finalístico do Município, tendo na cidade diversas empresas que oferecem tais serviços a preços competitivos; inviabilidade técnica na manutenção do equipamento, em virtude de oscilações de demandas e produção com custo e qualidade competitiva.

 

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