Unidade nacional

César Vanucci

Um desses incríveis paradoxos engendrados pelas teias caprichosas do destino! Os “democraticidas” arregimentados pelo ódio que, com a réplica brasileira da invasão do Capitólio, infernizaram Brasília e sobressaltaram o país conseguiram aglutinar as forças vivas da nação num bloco monolítico, tão ou mais consistente, que as Muralhas da China, em torno dos sagrados valores da Democracia. As coisas saíram ao contrário dos pérfidos propósitos perseguidos em seus planos de subversão da ordem. No saboroso linguajar das ruas, deram um tiro no pé. “O tiro disparado saiu pela culatra”, como se diz por aí, ainda bem. 

A reação da sociedade brasileira, refratária a quaisquer maquinações promovidas por adeptos das lateralidades ideológicas incendiárias, foi por todos os títulos soberba.

Divergências ocasionais, discordâncias derivadas de enfoques diferenciados a respeito de questões de interesse público foram deixadas à margem pelas lideranças realmente representativas do sentimento Nacional, de modo a estabelecer granítica proteção dos postulados republicanos que nos regem contra a boçal ofensiva talibanista. Bastante emblemática pelo conteúdo cívico a reunião dos chefes dos Poderes, presidente da República, do Supremo Tribunal Federal, do Senado e da Câmara dos Deputados, constituiu vibrante demonstração da Unidade Nacional num momento sombrio de ameaça às instituições democráticas. A reunião que se seguiu com a participação de governadores de todos os Estados, parlamentares, prefeitos, membros do Ministério da Justiça, autoridades do Legislativo, Judiciário e Executivo, teve o sentido da junção de novo elo à inquebrantável corrente de conciliação, entendimento e respeito formada em sinal de resistência dos democratas aos arreganhos extremistas. Outro encontro importante, do presidente com as bancadas do Congresso Nacional, que haviam acabado de aprovar medidas legais consideradas relevantes pelos setores competentes incumbidos de garantir a tranquilidade pública no DF, reforçou ainda mais o empenho dos governantes brasileiros e da população brasileira em enfatizar o apreço inabalável da Nação ao regime das liberdades públicas prevalecentes em nosso território continental. Os pronunciamentos vindos a lume de todas as procedências e regiões observaram unanimidade absoluta de opiniões. Execraram a aventura golpista. 

Não foi diferente a reação internacional. A OEA, União Europeia, os governos de dezenas de países em todos os continentes expressaram, a uma só voz, solidariedade ao governo e instituições brasileiros pelos graves atentados. A situação está controlada pelas autoridades. Em Brasília e noutras cidades foram desfeitos os assim chamados acampamentos bolsonaristas, implantados nas

imediações de unidades Militares. Ficou provado, com as prisões em flagrante de elementos envolvidos nos saques e depredações dos Palácios da Esplanada, que várias pessoas acampadas na capital se juntaram a grupos vindos de outras partes do país para as práticas delituosas golpistas. As diligências policiais em curso detiveram o maior número de indivíduos com culpa no cartório comprometidos, até hoje, numa mesma operação. As investigações estão permitindo a identificação dos vândalos, fomentadores, organizadores e financiadores. A promessa é de que a punição, em termos rigorosamente legais, alcançará todos, doa a quem doer.

[email protected]

Comentários