Uma nova geração que se levanta
Laiz Soares
Fiquei surpresa quando vi que o Brasil bateu recorde no cadastro eleitoral de jovens neste ano. O país ganhou mais de dois milhões de novos eleitores entre 16 e 18 anos. O número representa um aumento de 47,2% em relação ao processo eleitoral de 2018.
O dado é da pesquisa “Juventudes no Brasil 2021”, coordenada pelo Observatório da Juventude na Ibero-América (OJI) e realizada em parceria com pesquisadores de três universidades públicas sediadas no Rio de Janeiro: a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Claro que me animei com esses números. Afinal, mostra que esse público, assim como eu, está cansado das lideranças atuais e querem ter voz nas próximas eleições que se aproximam. Entretanto, mesmo observando esse movimento e até a manifestação desses jovens nas redes sociais quando o assunto é política, ainda vemos pouca participação deles que vão além do voto. Os dados da mesma pesquisa mostram que 72% dos jovens entrevistados nem mesmo conversavam sobre política.
Isso é preocupante já que precisamos dessa turma para fazer a diferença lá na frente. Por isso, tenho visitado escolas e conversado com esses jovens, já falei com milhares de jovens em escolas públicas, privadas e universidades no último ano. Afinal, não faz tanto tempo assim que tinha meus 16 anos e estava cheia de preocupações com o mercado de trabalho, tinha alguns anseios e não me atentava sobre o quanto era importante também participar do processo político.
Precisamos mudar a cultura e o pensamento político dos jovens. Mostrar que eles têm ideias que podem transformar o esporte, o lazer, o transporte e tantas áreas de uma cidade, de um estado e de um país. É na política que eles podem ajudar diversas famílias, arrumar empregos para algumas pessoas e beneficiar uma sociedade inteira com ações importantes.
Vale destacar que essa carência de jovens na política não é só no Brasil. Os jovens representam quase metade da população mundial, porém apenas 2,6% dos parlamentares do globo têm menos de 30 anos. Na realidade, a idade média de um líder é: 62 anos. De acordo com as Nações Unidas, é preciso ampliar a participação na vida pública das pessoas abaixo dos 30 anos, especialmente num momento de vários desafios, como a crise climática, conflitos e desigualdades.
Me sinto na obrigação de contribuir e falar da minha experiência política com esses jovens e acredito que isso é uma maneira de inspirar tantos meninos e meninas a lutarem por um país bem melhor do que vivemos hoje. Só assim eles poderão ter mais vontade de participar, votar, cobrar e criar melhores políticas públicas para toda a juventude.
*Laiz Soares é formada em Relações Internacionais pela PUC Minas e pela ESSCA na França. É consultora, tem 10 anos de carreira e atuou liderando equipes e projetos no setor privado, em ONGs e no Congresso Nacional.