Um país sem gestão

Um país sem gestão

Laiz Soares

Todos vimos nas manchetes os valores exorbitantes gastos pelas prefeituras para shows de cantores por todo o Brasil. Estamos falando de cachês de até R$ 800 mil pagos a artistas com dinheiro enviado por deputados e senadores. Em um dos casos,  cerca de R$ 2 milhões seriam gastos pelo poder público, valor superior a 40% do gasto com Saúde na cidade durante todo o ano de 2021. 

 

Nosso estado também se tornou palco desses gastos absurdos. A Prefeitura de Conceição do Mato Dentro planejava gastar com shows sertanejos quase 25% do que foi aplicado no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) no último ano.

 

São cidades pequenas por todo o Brasil que, mesmo sem saneamento básico, investimentos em saúde, sem pavimentos e até mesmo energia, tiveram verbas públicas desperdiçadas. Tudo isso pela falta de transparência das prefeituras. 

 

Cultura e lazer são essenciais para a nossa sociedade, isso é inquestionável. Mas onde está a gestão de recursos das prefeituras de nosso país? Por que logo em ano eleitoral nos deparamos com esse inquérito inaceitável?

Todos os dias vemos casos de falta de estrutura na Saúde, Educação, Economia e nos mais diversos setores da sociedade. Esses problemas, em grande parte, são causados pela falta de uma gestão eficiente em nosso país.

O que vimos nos últimos dias nas notícias é apenas a ponta do iceberg da crise administrativa que vivemos no Brasil. No último ano, no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, somente R$ 211,4 milhões tiveram destinação cumprida, dos R$ 482,7 milhões inicialmente planejados.

Na pandemia vimos o ápice da falta de gestão. Vidas foram perdidas por conta da ineficiência e omissão do governo brasileiro diante da crise sanitária que enfrentamos. Na educação, segundo o programa Todos pela Educação, 41% das crianças de 6 e 7 anos não sabem ler e escrever, maior índice de analfabetismo desde 2012.

Não podemos continuar nesta situação, precisamos urgentemente de eficiência na gestão pública e para isso é necessária uma reforma administrativa. Uma gestão otimizada por parte de nossos líderes, em que as melhores soluções devem ser propostas e o desperdício deve ser sempre evitado. 

Na nossa sociedade todos devem trabalhar para que os serviços públicos sejam os melhores possíveis. É preciso que o sistema foque no rendimento e crescimento de carreira dos funcionários públicos. Assim como a fiscalização dos programas e ministérios de nosso país.

Quero ver os servidores públicos ascendendo profissionalmente, professores ocupando cargos de secretários da educação, trabalhadores construindo planos de carreira.  Que cada vez mais profissionais possam ter uma formação continuada para o seu desenvolvimento pessoal, no trabalho, mas principalmente para o desenvolvimento de nossa máquina pública. Precisamos implementar sistemas de metas, de gestão e acompanhamento de resultados em toda a gestão pública.

A eficiência da gestão pública é uma proposta constitucional, ela é um dos princípios básicos que guia a administração de nosso país. O Brasil precisa de mais investimentos baseados em evidência e transparência, precisa de uma gestão baseada em resultados concretos e menos desperdício de verba pública.



Laiz Soares é formada em relações internacionais pela PUC Minas e estudou administração e marketing na Essca na França. Fez formação executiva no Insper em Relações Governamentais no Brasil. Chefiou o gabinete da deputada federal Tábata Amaral e fundou o movimento Nenhuma a Menos.

 

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