Tudo ao contrário

O Brasil é um país em evolução e isso é fato. Mas, infelizmente, a nação anda a passos lentos. Na verdade, quase parando. Quando se evolui de um lado, retrocede em outro, ou às vezes o que se vê são apenas retrocessos. E é assim, exatamente neste ritmo, de um passo para frente e cinco para trás que o país caminha. Faltam políticas públicas, compromisso e comportamento adequado dos representantes do povo, e claro, responsabilidade e participação efetiva da população. Em tempos de sociedade do espetáculo, o povo gosta mais de falar do que de fazer. Em tempos de hipocrisia é mais fácil viver em uma realidade paralela do que viver a realidade e buscar as tão sonhadas e cobradas melhorias. É fato que para melhorar é preciso mudar. Sem mudança não há melhora, tudo continua exatamente no mesmo igual. Um passo para frente e cinco para trás. De nada adianta sentar com a tela na mão e fazer textos dignos de Oscar, cobrando políticas públicas, e ações dos poderes públicos, quando a sua parte não é cumprida. 

Um exemplo disso são as campanhas mensais realizadas pelo governo federal, que sempre trazem um tema e um alerta. Maio, por exemplo, é o mês de conscientização sobre a responsabilidade no trânsito, e tradicionalmente é o “Maio Amarelo”. Neste ano, o tema da campanha é “No trânsito, escolha a vida”, que tem como objetivo reforçar junto à população práticas dispensáveis no trânsito como forma de evitar acidentes. Apesar de essas ações serem de suma importância, elas ainda dependem do caráter dos motoristas para terem efeito, afinal, tudo se limita à conduta do outro parente, o que é correto. Um estudo realizado pelo Ministério da Infraestrutura mostrou que em 53,7% dos acidentes a causa é a imprudência dos motoristas. Destes, 30,3% ocorrem por infração das leis de trânsito, enquanto 23,4% indicam falta de atenção do condutor. Em outras palavras, o homem ainda é o grande causador de acidentes de trânsito que dizimam famílias. 

Mas, o que mais chama a atenção nisso é analisar cuidadosamente toda a situação e se deparar com o fato de que a campanha nada mais é do que “pegar na mão” do motorista e dizer: não pode dirigir embriagado; com sono; não pode fazer ultrapassagem em locais proibidos; não pode ultrapassar o limite de velocidade... Mesmo as regras já estando lá. Chama – e muito – a atenção o fato de tudo já estar nas leis, nas cartilhas, nas aulas, e mesmo assim os governos e demais instituições terem que reforçar junto aos motoristas práticas que não podem ser feitas, pois causam acidentes. Difícil acreditar em melhorias a curto prazo, quando apesar de existirem leis que colocam tudo em seu devido lugar, brasileiros insistem em fazer justamente tudo ao contrário. É exatamente neste ponto, nesta análise, que não é difícil constatar que o Brasil é um país em evolução, mas uma evolução que está quase parando, que vem no conta-gotas. Afinal, como acreditar em melhorias se a mudança de comportamento não vem? É assim que o país segue.

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