Triste Poema da Judiação
CREPÚSCULO DA LEI
ANO IV - LXXX
TRISTE POEMA DA JUDIAÇÃO*
A cena encoberta pelo gás fazia jazer em holocausto
O morrer lento de um único ser.
Em agonia de pernas e de voz, era um homem gritando.
Que bárbara cena!
A morte chegando. A boca tomada. O ar acabando
Os carrascos empurrando para o horror. É o Horror!
Que bárbara cena!
A morte chegando. Todos olhando
O Estado matando outra vez, outra vez,
Os mesmos de sempre,
Tão pretos, tão pobres, tão loucos, tão bichas,
Tão putos!
É a morte chegando
E o diabo festejando
Pelos que ficam.
A morte chegou.
As frágeis pernas implorando, tão filmadas,
Não foram suficientes para o homem sem ar.
A câmara de gás venceu.
GENIVALDO morreu.
De verdade. Nós vimos
Quem o matou, nós vimos.
Nós que sabemos.
Jamais esqueceremos.
(*) JUDIAÇÃO, em conformidade com “impor sofrimentos”, como se fizera a outros. GENIVALDO teve sua judiação, teve seu holocausto. Que o Eterno e Misericordioso dê a ele a felicidade não encontrada em vida.