TERRORISMO E VERGONHA

O terrorismo tem mãe e tem pai

Domingos Sávio Calixto

A mãe foi um festival de carnificina que o homo academus ocidental – no seu apogeu fetichista – chama de Revolução Francesa, cujo maior pioneirismo meritório incidiu na capacidade de produzir uma grotesca divisão entre as ideias e as atitudes envolvendo igualdade-fraternidade-liberdade. Para tanto, basta conferir o que eles (franceses) faziam no Haiti na mesma época.

O pai do terrorismo, por sua vez, é um citoyen versado em direito chamado Maximillien de Robespierre (1758 – 1794), cujas possibilidades de fanatismo, hipocrisia e crueldade inseridas em uma estatura de 1,60 de altura são, até hoje, uma incógnita. Foi o jacobino quem inventou o grande terror, sempre justificando-o como arma da liberdade contra seus inimigos: “A virtude sem o terror é impotente, o terror sem a virtude é fatal”.

Ao se lembrar que foi Robespierre um dos responsáveis por se levar a revolucionária Olympe de Gouges (1748 – 1793), defensora do voto feminino, à guilhotina, nota-se a imensa capacidade de produzir “inimigos” como parte da retórica do poder, portanto, foi o estado o instrumento adequado para se implantar o terror, e continua sendo. 

Inimigo”é a palavra favorita do poder. Se toda história é a história do presente, vive-se uma história de terrorismo de estado no Brasil, e um terrorismo fatal contra “inimigos”, mentiroso ao povo e sem virtude alguma diante da democracia.

Trata-se de um terrorismo insuflado e estimulado pela pessoa que ocupa a presidência, responsável por desmontar as instituições – relatos da própria ONU – as quais deveriam defender a Constituição ao ponto de transformá-las em omissivos espectadores diante das perseguições, mortes e massacres contra seus “inimigos”.

O terrorismo bozobrasileiro não vem encontrando obstáculos em seu avanço e pode, portanto, caminhar para outros homicídios, incêndios e explosões, conforme já se operou durante a ditadura (vide caso Rio-Centro), ditadura esta da qual a pessoa que ocupa a presidência é um misto de defensor e negacionista.

Parece óbvio que as geladeiras dos vulneráveis do país odeiam essa política de produção aporofóbica e plutocrática, tanto quanto a classe dos sensatos e politizados querem mudança, coisa que o crime organizado e institucionalizado que ocupa o poder não pensa em permitir. Para a gangue de burgueses exploradores da miséria só resta a violência do terrorismo, como de fato já se iniciou.

Tempos difíceis virão. Há que se ter cuidado em relação ao que o terror bozobrasileiro é capaz de fazer, como vem demonstrando.

De tudo ainda resta o escambo da vergonha, vergonha pelo que se fez com a ex- Presidenta, uma mulher honrada e inocente, vítima do mesmo terrorismo. 

Tristes tempos de um conúbio macabro que envolve o terrorismo com (em) nome da divindade, e cujo temor se faz necessário para pedir a Deus que nos proteja dessas “pessoas de bem”: bíblia na mão, arma na outra e um ódio “de inimigo” plantado na cabeça.

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