Terra de CPI

 

Editorial

A frase “Quando os políticos não querem resolver um problema eles instauram uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)” já se tornou conhecida no meio político e pela própria população. E, em Divinópolis, o que não faltam são exemplos destas ditas CPIs. Certamente, a população já perdeu as contas de quantas comissões foram instauradas na legislatura passada para “investigar” as denúncias de irregularidades que eram feitas na Câmara ‒ por alto, podemos lembrar das CPIs da Copasa, da UPA, e contra o ex-prefeito Galileu Machado (MDB). Foram tantas comissões instauradas, fora os pedidos negados, que a gente fica meio perdido. Mas se tem algo que podemos afirmar com 100% de certeza é que essas CPIs não deram em absolutamente nada. Logo no início da legislatura passada, foi instaurada a CPI da Copasa. A promessa era “abrir a caixa preta” e suspender a cobrança da taxa de esgoto. Cumpridos os prazos e apresentados os relatórios da comissão, a população – que acreditou piamente que a situação mudaria – continuou, continua e continuará pagando a taxa de esgoto, como se não tivesse acontecido essa CPI. 

Logo após a comissão que investigou a Copasa, foi a vez da CPI da UPA ‒ que também prometia abrir “a caixa preta” e resolver o caos que estava instalado na unidade. Relatórios entregues – com atrasos ‒, investigação encerrada e a situação da UPA é exatamente a mesma de três anos atrás ‒ com os agravos de novas denúncias, de uma nova administradora e até mesmo com a suspensão de internação de pacientes com covid-19. Para não passar despercebido, não podemos deixar de citar a CPI que investigou a oferta irregular de cargo comissionado feita pelo ex-prefeito de Divinópolis, Galileu Machado, a seu ex-aliado, Marcelo Máximo de Morais, que, assim como as outras, não resultou em nada. Ou melhor, quase nada. Os acusados pelo Ministério Público à época foram condenados a pagar cestas básicas.  Galileu, por sua vez, cumpriu seu mandato e disputou as eleições no ano passado. E, como estamos falando da “Terra das CPIs”, a atual legislatura vai pelo mesmo caminho da anterior. 

Na última semana, o vereador Israel  da Farmácia (PDT) solicitou a instauração de uma CPI para investigar o destino de emendas parlamentares que chegam ao Complexo de Saúde São João de Deus. O pedido veio após a polêmica envolvendo o Complexo, a Prefeitura de Divinópolis e a verba parlamentar do deputado federal Léo Motta (PSL). Mais uma vez, a promessa é de abrir a “caixa preta”, que de preta não tem nada. E, mais uma vez, o divinopolitano fica meio perdido porque podem instaurar uma, duas, três, 100 comissões ‒ seja para investigar a UPA, a Copasa, o Complexo de Saúde São João de Deus, a Prefeitura, ou qualquer outro órgão ou situação ‒, tudo continuará exatamente igual. Pois é fato a máxima que uma CPI não é para resolver, mas quase sempre para aparecer e tapear a população. Até que boa parte dos parlamentares resolva  trabalhar de fato pela cidade, o jeito vai ser sentar e esperar mais um show, mais uma “caixa preta” ser aberta. Afinal, em “Terra de CPI'', muito se fala e pouco se faz. Muito se grava e pouco se trabalha. E é válido o ditado “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”.

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