Ter fome de Deus

Ter fome de Deus

Ômar Souki

No livro “Desejar a vontade de Deus” (Edições Loyola, 2ª edição, 2011), David Benner afirma: “A fome de Deus não fica sem resposta porque é uma dádiva de Deus. Nosso anseio já é uma resposta de nosso coração, pois é despertado pelo Espírito de Deus. Ninguém que procura Deus deixa de encontrá-lo, porque já foi encontrado por Deus. Ao procurarmos, somos encontrados” (p. 91). No domingo de Pentecostes de 2022 (05 de junho) participei da Santa Missa na Catedral de Divinópolis e minha alma sentiu-se profundamente acolhida pelo Senhor durante toda a celebração. Em especial, senti a Divina Presença quando o coral entoou um resumo do salmo 103. Esse cântico consegue – através de palavras – nos aproximar de algo incomensurável que é a grandeza de Deus:

“Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da Terra toda a face renovai. Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande! Quão numerosas, ó Senhor são vossas obras! Enchestes a Terra com as vossas criaturas! Se tirais o vosso respiro, elas perecem e voltam para o pó de onde vieram. Enviais o vosso espírito e renascem e da Terra toda a face renovais. Que a glória do Senhor perdure sempre, e alegre-se o Senhor em suas obras! Hoje seja-lhe agradável o meu canto, pois o Senhor é a minha grande alegria!”.

A Força que sustenta o universo e as criaturas é a mesma que habita em nós. Quanto mais cultivamos a intimidade com Deus, mais fome temos de estar junto Dele. Ele passa a ser a nossa “grande alegria” como diz o salmo. O monge Bernardo Bonowitz, autor do livro “Sermões de um trapista brasileiro” (Editora Biblioteca Católica), escreveu: “O Espírito se infunde também em nossa mente, fazendo do cristão mais simples (e igualmente do mais sofisticado) um ‘sábio’. Ele abre os nossos olhos à grandeza e presença de Deus no mundo e em nossa vida; nos ensina a respeitar a Deus como um bom pai, ajuda-nos a compreender a razão de nossa existência, aponta-nos para a escolha certa em cada situação. Enquanto amadurecemos, Ele cria em nós a capacidade de dar uma palavra de conselho para pessoas em dificuldade, mostra-nos as leis que governam o universo que a Trindade criou e, por fim, forma em nós uma visão pacífica e profunda da realidade” (p. 95).

Isto é tudo que buscamos: ser mais sábios, enxergar a Divina Presença em nós e no mundo, aceitar que Deus é nosso Pai Misericordioso, conhecer o sentido de nossa vida, saber qual é a escolha correta em cada encruzilhada, ser bons conselheiros, ter consciência das leis que governam o cosmos e desfrutarmos de uma percepção serena do mundo em que vivemos. À medida que cresce o nosso desejo por Deus, também se intensifica a nossa procura por Ele. No meu caso, essa busca se traduz em uma maior dedicação à espiritualidade através de leituras, orações e presença nas celebrações eucarísticas. Também, enquanto escrevo, caminho em direção a temas que se ligam à espiritualidade e que possam ajudar as pessoas a encontrarem o maior tesouro que existe: a paz interior.    

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