Tem condições?

Tem condições?

A disputa pela fábrica de cerveja Heineken tomou conta dos noticiários em Minas na última semana. Logo após o anúncio que a empresa não seria mais instalada em Pedro Leopoldo, iniciou-se uma corrida contra o tempo para várias prefeituras. O que não faltou foi proposta, e Divinópolis, claro, entrou na disputa. A Prefeitura protocolou documento e logo em seguida lançou nas redes sociais a #vempradivinopolis Heineken. A intenção é louvável, sim.  Mas, para trazer uma fábrica desse porte para Divinópolis, é preciso mais do que hashtag, mais do que uma proposta protocolada e articulação política, é preciso condições, trabalho e logística. Afinal, não é de hoje que a cidade enfrenta um problema sério chamado: falta de atração para novas empresas. 

Não é segredo para ninguém que o Centro Industrial no bairro Icaraí é um gargalo, pois não é de hoje não tem estrutura adequada. Entre os problemas da região está o zoneamento, pois, ao longo dos anos, foi autorizada a construção de residências no entorno do Centro Industrial, e isso é fator decisivo para a instalação de uma grande empresa. Outro gargalo que o Centro Industrial enfrenta é o escoamento da produção. Sem muita infraestrutura, os empresários lutam diariamente com o acesso e a distribuição dos produtos, que precisa ser feita via rodovia. A situação é tão grave, que o ex-prefeito de Divinópolis Vladimir Azevedo (PSDB) tentou – sem sucesso – implantar na cidade no fim do seu segundo mandato um segundo Centro Industrial, entre Divinópolis e Ermida, mas não deslanchou.  

Divinópolis hoje se encontra “entre a cruz e a espada”, pois precisa de grandes empresas para gerar a economia local, mas, antes disso, necessita se tornar atrativa. Talvez a disputa pela fábrica da Heineken veio para escancarar esse problema que é antigo, e para que os representantes políticos trabalhem pela solução, afinal, manter um cenário durante décadas nada mais é do que vergonhoso. É fato que Divinopolis — se depender dos locais conhecidos —  não tem condições de receber a Heineken, mas é fato que chegou o momento em que a cidade precisa mais do que vídeos nas redes sociais, denúncias e gritos para “jogar para a galera”. É necessário arregaçar as mangas e mudar a realidade que Divinópolis hoje tem. E fazer a diferença nada mais é do que isso: trazer condições para que a cidade se torne atrativa e, em consequência, gere empregos, renda e faça a economia local girar. 

Ao que tudo indica, é chegado o momento de fazer a diferença, de ser diferente, de sair das redes sociais e cumprir promessas de campanha. A oportunidade está aí, batendo à porta, e, para provar que Divinópolis “agora tem prefeito”, basta querer fazer e tirar do papel projetos esquecidos pelo tempo. É chegado o tempo de fazer diferença. De mostrar se o povo pode mesmo esperar por melhorias, afinal, operação tapa-buraco, asfalto, vacina, médico em posto de saúde, e professor em sala de aula não é nada mais do que obrigação. Diferença mesmo é fazer aquilo que ninguém fez. É trabalhar para que o povo possa ver o futuro bem ali, num piscar de olhos. 

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