Surfando na mudança

Marcos Fábio G. Ferreira

Há muitos anos, em 1996, durante uma palestra, escutei a expressão “surfar na mudança”, aparentemente simples, mas que, se prestarmos muita atenção, veremos que se trata de muita sabedoria.

Já pararam para prestar atenção em um surfista pegando uma onda? Já viram como ele faz?

Um surfista não pega uma onda esperando-a na praia. Esperar a onda na praia é ter a certeza de “tomar uma chacoalhada” dela, que se arrebentará sobre ele. Se ele realmente quiser surfar, é preciso ir ao encontro da onda enquanto ela ainda está em formação, longe da praia. Somente assim o surfista poderá dominar a onda e colocar sua prancha na “crista” da onda.

Assim é a mudança! Se esperarmos ela vir até nós, ela “chegará chegando”, nos chacoalhando e arrebentando sobre nós, destruindo tudo que está no seu caminho.

Dizem que na vida duas coisas são certas: a morte e a mudança! Assim, se a mudança é certa, por que esperar por ela? Por que, em vez de esperar ela se arrebentar sobre nós, não podemos fazer igual ao surfista na onda?

Surfar na mudança significa ir ao encontro dela enquanto ainda está em formação. É se antecipar, evitando surpresas, afinal, se você foi ao encontro dela, poderá vir “surfando na mudança”, dominando esta grande onda, podendo, ao final, se deliciar num belo mergulho refrescante.

Infelizmente, é justamente neste ponto que muitos perdem o momento e acabam sendo engolidos pela mudança. Muitas pessoas, pelo medo de enfrentar a mudança, ficam lá, na praia, vendo a onda chegar e torcendo para que ela não se arrebente sobre elas.

Nada mal ficar na praia vendo as ondas e os surfistas, mas esta confortável posição, além de não te elevar à condição de protagonista de sua vida, fará você ser apenas mais um nesta praia chamada mercado. Se está satisfeito com isso, ok! Siga sua vida e tudo certo. Agora, se isso lhe incomoda e deseja ser diferente, terá de ter a coragem ser o agente de mudança de sua própria vida, provocando a mudança, fazendo ela acontecer, afinal de contas, o que é melhor: ser a mudança que queremos ou ser mudado pelo mercado ou pela atitude de outros?

Fico aqui pensando: quantos, exatamente agora, estão esperando a demissão para mudar algo na sua carreira? Quantos estão esperando o ano começar, o Carnaval passar, o governo melhorar ou, simplesmente, Deus lhes ajudar?

Talvez tenha escrito este texto pensando em vocês, mas também lembrando da minha história. Depois de muitas mudanças, pensei que me aposentaria na empresa de consultoria que sonhei ainda na faculdade e que, anos mais tarde, fundei com meu ex-sócio. E aqui estou eu, 15 anos depois... Resolvi mudar, pegar minha prancha e ir ao encontro de uma nova onda.

Hoje, em uma nova empresa, já me vejo completamente diferente. Fui ao encontro de minha onda e já posso dizer que me espero na crista das novas ondas que virão. Hoje, mais do que nunca, entendo aquela frase que ouvi em 1996. Surfar na mudança se tornou um jeito de encarar a vida, pois, como diria Lulu Santos, “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia, tudo muda o tempo todo, no mundo, como uma onda no mar...”.

Que bom que vivi para não somente ouvir aquela frase, mas também para entender, compreender e viver, ou melhor, surfar!

Verdadeiramente desejo que você também possa ser o surfista das suas ondas e entender que, ao surfá-las, não existem ondas boas ou ruins, e sim umas mais e outras menos desafiadoras. Além disso, como todo bom professor, elas estão sempre dispostas a nos ensinar, alguns dias com lições mais fáceis e por vezes com lições mais duras.

Bom fim de semana a todos, e lembre-se, se você perdeu alguns de meus textos, acesse www.professormarcosfabio.com.br e vá à aba “coluna”. Lá você encontrará tudo que escrevo. Boa leitura!

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