Supermercado que vendia sabão em pó garante que foi vítima de quadrilha

Clientes que compraram o produto falsificado podem realizar a troca com cupom fiscal; PC apreendeu quase 300 toneladas

 

Bruno Bueno

A apreensão de quase 300 toneladas de sabão em pó falsificado em três cidades da região Centro-Oeste chegou às gôndolas de um tradicional supermercado de Divinópolis. Em nota divulgada na tarde de ontem, a rede de lojas Casa Rena confirmou a presença dos produtos e garantiu que foi vítima da quadrilha.

A empresa informou que está colaborando com a investigação e disse que os clientes que compraram os produtos falsificados podem realizar a troca mediante apresentação do cupom fiscal.

 

Entenda

A Polícia Civil (PC) realizou, na última segunda-feira, a apreensão de aproximadamente 300 toneladas do produto ilegal em galpões de Divinópolis, Itaúna e São Gonçalo do Pará. Seis caminhões, três empilhadeiras, três esteiras de produção e milhares de caixas de papelão falsificadas também foram encontradas.

As investigações começaram há alguns meses. O gerente do galpão de estocagem foi preso. Estima-se que pelo menos 30 pessoas participaram da produção. Em nota divulgada na tarde de ontem, a PC confirmou que encontrou os produtos nas gôndolas do supermercado. Até o momento, segundo o órgão, eles também são vítimas.

— Alguns lotes dos produtos com indícios de falsificação encontrados nas gôndolas de pelo menos duas lojas de supermercados foram separados para serem submetidos à perícia. Um inquérito policial foi instaurado para apurar os casos e as investigações prosseguem — afirmou.

 

Casa Rena 

A extensa nota publicada pela rede de supermercados afirma que a empresa não pode ser considerada culpada pelo ocorrido.

— O produto não é de comercialização exclusiva da Casa Rena. É possível encontrá-los em milhares de estabelecimentos comerciais de todo Brasil, e não somente nas lojas da Casa Rena, sendo leviano e precipitado imputar qualquer tipo de culpa da Casa Rena com os fatos ocorridos — disse.

O estabelecimento informou que está tomando medidas cabíveis no âmbito civil e criminal para investigar o caso.

— O produto suspeito já foi recolhido da área de vendas, de forma a ajudar nas investigações e está à disposição das autoridades competentes para análise. Não admitiremos qualquer tipo de ameaça ou comentário falso e calunioso contra a empresa Casa Rena, realizada sob qualquer forma ou publicação, que tomará as medidas necessárias contra tais ataques — relatou.

 

Troca

Segundo o estabelecimento, os clientes que compraram o produto falsificado podem realizar a troca assim que o lote for identificado pela Polícia Civil.

— Assim que identificado o lote falsificado pela Polícia Civil, notificaremos a todos consumidores para troca do produto adulterado, atendendo o disposto no Código de Defesa Consumidor – Lei 8078/90 — salientou.

Por fim, a empresa voltou a garantir que é vítima do crime e que está colaborando com a investigação.

— Tais lotes, com indícios de falsificação, assim que rastreados e encontrados nas lojas, são entregues junto com as notas fiscais de compra para a polícia fazer perícia e apurar sua procedência e assim punir os culpados. A Casa Rena, como vítima dessa situação, está colaborando para que esse esquema criminoso seja desmantelado — concluiu.

 

Repercussão

Apesar da justificativa da empresa, o caso gerou repercussão negativa nas redes sociais. A internauta Michele Rodrigues, que afirma ter comprado o produto falsificado, se revoltou com a situação.

— Eu não guardo nota fiscal. Confiro na hora e pronto! Era só o que faltava. O pobre não tem um minuto de paz — disse.

Em contrapartida, Patricia Nogueira também respondeu as publicações e declarou seu apoio ao estabelecimento.

— Parabéns pela transparência das informações — Patrícia Nogueira.

 

Próximos passos

Em coletiva realizada na última terça, delegados da Polícia Civil deram detalhes sobre o caso. As investigações continuam. O delegado João Marcos informou que a situação envolve um esquema com várias pessoas e esse será o foco da PC a partir de agora.

— É um produto falsificado, mas existe a produção, distribuição, recepção e exposição do produto para o consumidor. Então há uma cadeia grande que precisa ser identificada, com pessoas envolvidas sabendo que se trata de material falsificado. Elas serão responsabilizadas, de acordo com o seu envolvimento — disse.

 

Produção

Segundo o perito Carlos Eduardo Leal, o lucro estimado dos criminosos seria de R$ 3 milhões por mês. 

— A produção era de 30 toneladas e a embalagem tem 800g. Temos então a produção de 37.500 unidades diárias.  Com esse lucro de R$ 2,40, a média de lucratividade líquida é de R$ 90 mil por dia. Se considerarmos um mês, eles teriam uma média de quase R$ 3 milhões em lucros líquidos — estimou.

 

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