Sopro

 

Na prática médica diária, é muito frequente o motivo da consulta ser o conhecido sopro. Vários pacientes comparecem com essa queixa, acompanhada de incertezas e grande preocupação em relação ao problema. Curiosamente, diversos pacientes abordam a questão de forma equivocada, apontando ter se consultado e ter sido encaminhado ao cardiologista em virtude de o médico “ter visto um sopro”.  Entretanto, essa abordagem (“ver sopro”) não é correta. O sopro é algo abstrato, não palpável, que não pode ser visto. No exame físico, o sopro pode ser percebido através da ausculta cardíaca.  Ou seja, sopro não se vê, se escuta.

Na maioria das vezes, nem sempre trata-se de um problema grave como a maioria acredita. Para que se perceba um sopro, o paciente deve ser examinado pelo médico e, diante da ausculta cardíaca, é possível determinar se o sopro está presente e, inclusive, de acordo com o foco (região determinada), é possível classificar a origem deste ou qual válvula emite o som. Pode ser um sopro aórtico (válvula aórtica); sopro mitral (válvula mitral); sopro tricúspide (válvula tricúspide); ou sopro Pulmonar (válvula pulmonar). Em válvulas normais, que desempenham sua função de abertura e fechamento pleno, o sopro não está presente. Entretanto, quando há alterações nessas válvulas, impedindo o funcionamento normal e ocasionando dificuldade da passagem de sangue pelas válvulas ou refluxo, escutamos os sopros.

Podem ser de menor intensidade, em casos fisiológicos em que não há repercussão qualquer. Assim, é denominado sopro inocente ou de nascença como alguns médicos preferem falar. Cerca de 40%, 50% das crianças saudáveis apresentam sopros inocentes, sem nenhuma outra alteração e com desenvolvimento físico absolutamente normal.

Os sopros patológicos com repercussão são geralmente de maior intensidade. São ocasionados por disfunções importantes em válvulas cardíacas, que se não tratadas, levam a uma piora progressiva irreversível e fatal ao coração e à vida. Nos adultos, predominam os sopros que aparecem como complicações de cardiopatias provocadas pela febre reumática ocorrida na infância.

Importante ressaltar que os sopros são mais frequentes em válvulas cardíacas. Entretanto, existem outras situações em que eles estão presentes, como comunicações anômalas dos septos (paredes) que dividem as câmaras cardíacas (ventrículos/átrios), conhecidas comunicações inter atriais e inter ventriculares, aneurismas e coartações (estreitamento) de aorta.

O sopro fisiológico não apresenta sintomas. Embora existam cardiopatias mais graves que não se manifestem por sopros no período neonatal, a presença de cianose (mãos, língua e lábios arroxeados) é sinal de que o sangue periférico circula com baixa oxigenação e requer atendimento médico imediato.

O sintoma mais frequente e importante relacionado ao sopro patológico de repercussão é a dispneia (falta de ar), sugerindo processo avançado, como na estenose aórtica. Pode estar relacionado a síncopes (desmaios), palpitações taquicardias, vertigens e arritmias cardíacas. Para o diagnóstico correto, deve-se procurar atendimento especializado, de preferência com cardiologista, e realizar ecocardiograma para a visualização das válvulas cardíacas. O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico, de acordo com cada situação.

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