Sinal prestes a abrir

Preto no Branco - Sinal prestes a abrir

Quando assumiu a Prefeitura de Divinópolis, em 1º de janeiro, um dos pontos do pronunciamento do prefeito Gleidson Azevedo (PSC) foi lamentar chegar ao cargo com a cidade fechada. Naquela época, o município estava na onda vermelha do Minas Consciente. O cenário se agravou ainda mais e, nos meses seguintes, a microrregião regrediu para a recém-criada onda roxa. Agora, após duas semanas consecutivas na amarela, Divinópolis e seu prefeito podem, após sete meses, sonhar com o último e menos restritivo estágio do Minas Consciente. Além de novas flexibilizações para comércio, bares, eventos e afins, o avanço representaria a redução de ocupação de leitos de CTI e enfermaria, bem como a redução do número de mortes e casos confirmados pela doença.

Respeitar para não voltar

Divinópolis já esteve, no ano passado, na onda verde. Não tardou e, com nova piora dos indicadores, a cidade voltou para a amarela. Ou seja, estar na onda verde não é garantia de ficar nela. Caso o município avance, mesmo com cada vez mais vacinados, os cuidados básicos de prevenção à covid-19 precisam ser mantidos: máscara, higienização constante das mãos e distanciamento social. A imunização ajuda a impedir o agravamento da doença, não sua transmissão. Assim, mesmo com duas doses ou dose única, o cidadão pode testar positivo para a doença e, mesmo sem desenvolver sintomas graves,  transmitir para pessoas em vulnerabilidade imunológica, contribuindo novamente para a piora dos indicadores. Após um ano e meia de pandemia, respeitar as normas de prevenção à covid-19 é o mínimo que devemos fazer.

Quem é o ladrão?

Essa foi a pergunta feita pelo ex-vereador, deputado estadual e federal Fabiano Tolentino ao prefeito Gleidson Azevedo (CDN). Antes de apresentar o questionamento, em vídeo em suas redes sociais, Tolentino expõe um breve trecho do discurso do prefeito na quinta-feira, 15, quando participou do evento de adesão ao Programa Governo Digital. A eleição acabou há sete meses, mas o atual prefeito, aparentemente, continua usando espaços públicos para reforçar seu tom populista.

Futurologia

No trecho, Gleidson diz: “Se fosse aqueles que estivessem aqui, eles estariam roubando”. Em seguida, ele afirma preferir ser considerado rude ‒ em referência à abordagem ao agente de trânsito ‒ do que ladrão. “Se eu errei foi tentando acertar porque eu amo minha cidade”, acrescentou. O comentário não agradou os candidatos à Prefeitura da última eleição. 

“Fala leviana”

“Eu não posso aceitar que um prefeito fale algo dos sete candidatos que disputaram com ele. Eu venho defender todos, pois considero todos bons nomes. Se o prefeito considera algum nome que não ganhou dele ladrão, que cite o nome e prove”, critica Tolentino. Para o ex-deputado, as acusações são graves e inaceitáveis. “O que ele está fazendo é querer ser maior que a cidade”, defendeu. 

Crime sem provas

Nesta terça, os partidos PCdoB e PT também se manifestaram. Para o PT, a fala do prefeito pode ser "considerada até criminosa" e interpretada como calúnia, injúria e difamação. “O prefeito ainda se ilude pensando que publicar filminhos de péssimo gosto, rebolando e fazendo gracinhas, evidenciando uma péssima educação, que nos envergonha a todos, basta como ações governamentais”, rebate o partido. O PCdoB também não poupou críticas à fala do chefe do Executivo: “Espera-se que um administrador público tenha ciência da sua responsabilidade e representatividade e, além de esclarecer os fatos, reconsidere sua postura agressiva com aqueles que se posicionam de forma diferente da sua”.

Sobre lados

Novamente, independente das diferenças ideológicas, a fala é desrespeitosa aos candidatos à Prefeitura e impõe a eles crimes que supostamente seriam cometidos, mas nunca foram, uma vez que nenhum deles foi eleito. Recomendo ao prefeito pensar mais no presente e na cidade e deixar para trás desafetos de um assunto já resolvido no ano passado, na urna. Gleidson, obviamente, não gostaria de ser chamado de ladrão, como ele mesmo disse. Por que apontar o dedo para os outros, então? Aliás, porque esse discurso foi feito, haja vista a total falta de relação com o evento? Os prefeitáveis estavam presentes para se defender das acusações a eles imputadas? Assusta, por vezes, a capacidade de políticos em pregar união, mas não perder a oportunidade de ofender e criar inimizades. Neste caso, era de se esperar de alguém eleito sob o divisivo lema de “Nós ou eles”.

 

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