Sim, eu rezo

 

Leila Rodrigues

Acredito em forças superiores e invisíveis. Eu os chamo de Deus, de poder infinito do universo que a tudo rege e tudo conduz. 

Você pode não acreditar que eles existam ou você pode chamá-lo de um nome diferente do que eu chamo. Nada disso vai mudar o meu respeito pela sua crença e pela minha. 

Aqui chamarei de reza. E te peço que continue a leitura, independente dos substantivos. No campo sagrado da espiritualidade é preciso entrar com muita cautela para que ninguém se sinta ferido.

Rezo porque sou míope. Então rezo pela minha miopia. Para que eu consiga enxergar as coisas muito além do que os meus pobres olhos veem. 

Rezo porque me sinto fraca. Não é sempre, mas acontece. E quando acontece, nem sempre sei onde é a fonte mais próxima que possa me fortalecer. Então eu rezo. 

Rezo porque tenho muito que aprender e muito que desaprender. E confesso, às vezes eu não sei se a hora é de uma coisa ou de outra. Então eu rezo. 

 

Rezo para agradecer este planeta, esta vida, estas pessoas que me rodeiam e este habitat o qual pertenço, que é muito mais do que eu mereço. 

Rezo para compreender a minha solidão. Para entender que, no fundo, estamos todos sozinhos. Lutando com os nossos próprios fantasmas e aprendendo com os nossos próprios erros. Rezo para não depositar no outro, a responsabilidade de me fazer feliz. 

Rezo para compreender o que é diferente, o que é contrário e o que não vai de encontro às minhas intenções. Rezo para que a minha compreensão não seja um esconderijo das minhas opiniões, mas sim a maturidade de permitir que o outro seja o outro e eu seja eu. 

Rezo para nunca perder a esperança. E para enxergar as frestas do caminho ao meu redor. 

Rezo para continuar enxergando outros caminhos, outras pessoas, outros modelos, outras  formas, outros cantos e outras emoções. 

Rezo para ser merecedor da oportunidade de viver. 

Rezo para que as minhas energias sejam conduzidas para o que realmente vale a pena e para que eu não fique parada no caminho alheio. Não há nada mais triste do que viver para incomodar a vida alheia.

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