Shitman e o reino dos escatológicos*

No início e antes da alvorada, tudo era trevas, mas os sete escatológicos já existiam. Na escuridão do palácio da traição caminhava Michelius, o temeroso, maligno traidor das estrelas, pois roubou-lhes o brilho e uniu-se ao diabólico Néscio, o senhor das neves, temível alterador das alterosas. 

Dessa união nasceu Jairad, o fecal, senhor das fezes e dos vermes, também conhecido por Shitman, o inlimpável, o escatológico mor.

Shitman reinava pelos esgotos em seu trono jet ski ultra fecal e suas terríveis armas “taoquei”. A pior delas consistia em um flato destruidor que era disparado sempre que o obrigavam a dar satisfações sobre sua prisioneira no reino das merdas imperiais. Com tais poderes, ele conseguiu desposar a temível Miss Xec, senhora reinante das fendas, rachaduras e rachadinhas.

O poder de Miss Xec era avassalador. Consistia em invocar perigosos demônios falaciosos direto das profundezas mais obscuras das ilhas feik-nius. Além disso, era assessorada pelo espírito do rio das pedras, o assombroso Keiruoz, capaz de converter qualquer rachadura ou rachadinha em mixórdia de feitiços churrascantes.

Os filhos de Shitman foram criados sob o lado roxo da lua da cratera política, uma entidade que recebe almas em troca de mamatas e gera as dinastias persistentes dos que nunca foram, nunca saíram e insistem em ficar nos jardins das granas altas e frescas.

O primeiro filho chamava-se filávius, o desmaiante, senhor das mansões inexplicáveis, pagáveis com as prestações dos ventos do norte. O segundo filho chamava-se Ed Uardh, também conhecido como “aquele-que-tem-a-coisa-pequena”, um estratagema interfemural usado nos momentos terríveis de “torturatis terribilis et risibillis”. O terceiro filho, meio humano, meio bofe – uma raça que caça índio – era dotado do poder do desaparecimento das audiências nas tendas das vereantes das terras de Guana-Bara. Era um ser misterioso, astuto e dado como um marsupial, o Kar-Luxor.  

Sobre o quarto filho, escondido.

Tenebroso e astuto era o escatológico Anturo, o encantador de liras nas assembleias, único conhecedor do caminho secreto, da sala secreta e da fortuna secreta que alimenta seu monstro, pior que o Leviatã, o gigantesco ‘Orçamentão’, um monstro gigante que se alimenta do pergaminho dos gastos e gases dolarizados.

Quando os sete escatológicos se reúnem para o grande banquete da excrescência, são servidos pelo ogro de duas cabeças, cujos nomes atemorizam qualquer indesejável. São elas a cabeça Morus, o misteriável - aquele que se decai pela Conja – e a outra cabeça, Delanus Delarius De La Lete, serviçal e mágico das diárias ao dia e à noite em sexteiras.

O ponto alto do encontro é a fala do Shitman: cada palavra, um escorregão. Os papeis foram subtraídos deles e por eles mesmos.

Eles dançam e dançam em torno das grades em forma de jaula, onde se encontra aprisionada a princesa Urna, meiga e pálida, assustada e abatida, a espera do herói príncipe Voto, único capaz de vencer Shitman e os terríveis escatológicos.

 

(*) Essa narrativa não tem similaridades com Sandman, e muito menos passa pela Netflix.

 

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