Seu voto pode ter sido vendido

Não existe voto distrital e, portanto, candidatos a deputado oriundos de uma cidade ou de outra são candidatos do estado inteiro, seja para estadual ou federal. Cada um vota como quer e conforme acredita que será a atuação do candidato quando eleito. Até aí tudo bem. O problema é que existe um lado perverso nas eleições, que é a indústria de cabos eleitorais que vendem o voto do cidadão.

Cabos eleitorais são, na verdade, um perigo. Deve-se ficar mais atento a eles do que ao próprio candidato. Muitas vezes, eles vendem o voto alheio por um emprego ou para pagar um favor pessoal. Eles se munem de grande capital político (votos) devido às ações que realizaram no passado ou pelas muitas amizades conquistadas e negociam isto com o candidato. Nesta época do ano, já tem muito cabo em Divinópolis negociando voto com candidato de outras cidades. O seu voto pode estar no pacote.

Lideranças de diversos segmentos se aproveitam de sua popularidade para negociar o apoio que têm em sua área de atuação e vendem assim a sua capacidade de mobilização e convencimento. São presidentes de bairro, de sindicato, de entidades de classe, ONGs ou até mesmo líderes religiosos. É comum dentre estes que se use da popularidade para empurrar “goela abaixo” candidatos que muitas vezes até eles mesmos desconhecem.

O eleitor deve ficar atento. Nesta época do ano, é comum que lideranças articulem reuniões para apresentar o candidato A ou B. O cidadão deve perguntar a estes coordenadores o quanto estão ganhando e que compromisso pode ser firmado com a comunidade onde vive ou segmento onde atua. Se o presidente do seu bairro, seu pastor, seu dirigente de entidade ou outro, te convidar para uma reunião para apresentar o “fulano” que vai disputar eleições, vá com um pé atrás. Ele está te colocando no pacote que vendeu.

Não pense que estas negociações são baratas, não. Tem muita gente trocando de carro com dinheiro que já pegou de algum candidato que quer entrar na cidade de alguma forma. Como este voto já foi pago pelo candidato, muitas vezes ele não se sente com nenhuma obrigação com o eleitor ou a cidade que lhe ajudou a assumir o mandato. Se está pago, melhor trabalhar para onde se tem base e o eleitor precisa ser realmente conquistado.

É importante lembrar também que captar recursos é uma parte importante do trabalho do deputado, mas sua atuação não se resume a isso. Estes que hoje pedem voto é que votarão projetos do governo e, muitas vezes, a linha de pensamento e posições do político nem sempre é a mesma da sua. Votar porque vai calçar a sua rua pode significar ficar irritado depois que ele “votar para salvar o Temer” ou dificultar para que se consiga aposentar no país.

Foi convidado para uma destas reuniões vendidas? Vale a pena ir, mas não deixe de perguntar tudo o que quer saber. É contra aborto, pergunte se ele é também. Pergunte quem ele apoia pra presidente, pra governador e não se iluda se falarem que o mandato é independente. Não é e, na hora que a pressão chega, podem acabar votando em algo que você não queria e que pode complicar a sua vida.

Lembre-se que o mandato é exercido por quem foi eleito e não por quem lhe pediu o voto. Talvez, o cabo eleitoral seja bom, mas o político que ele representa não. Você pode até aceitar a indicação, mas procure fazer sua avaliação pessoal antes de se decidir. Afinal, o dele, o cabo já garantiu!

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