Sem resposta

Falhamos! Não existe outra forma de começar este texto. A perda do sargento da Polícia Militar (PM), Roger Dias Cunha, brutalmente assassinado na última sexta-feira, por um criminoso beneficiado pela “saidinha temporária”, expõe a fragilidade do sistema. A tragédia simboliza o quanto o Brasil tem invertido valores. Da Educação à distribuição de renda, o caso mostra um país incapaz de oferecer acesso igualitário a serviços públicos de qualidade, incluindo segurança pública. O resultado, claro, não poderia ser diferente: “o que começa errado termina errado’. A violência ganha força - para não dizer respaldo. Os cidadãos são transformados reféns de uma brutalidade crescente e cotidiana. E cada um sobrevive como consegue: casas muradas, evitar sair de casa ao anoitecer, armamento da população…

Hoje, mãe, esposa, familiares e amigos choram a partida precoce de Roger, covardemente assassinado no exercício de sua profissão enquanto protegia a sociedade. Uma filha crescerá sem a presença do pai. A sociedade se revolta. Mas as feridas continuam abertas. O que falta? Não há uma única resposta, visto que as soluções envolvem toda a cadeia de eventos, desde a prevenção até a responsabilização dos infratores. Legislativo, Executivo e Judiciário são poderes independentes, mas precisam caminhar juntos em harmonia, especialmente em um tópico tão sensível quanto a garantia da segurança pública.

Por aqui, infelizmente, o crime tem compensado. Aqueles responsáveis por elaborar as leis precisam avaliar, como tem sido noticiado, a necessidade de reforçar a legislação. E, posteriormente, cobrar que elas sejam respeitadas e seguidas. É inaceitável permitir que a gravidade desta ocorrência se torne rotineira. Quem tem o poder de mudança precisa se atentar e refletir sobre sua responsabilidade. Suas assinaturas, as chamadas canetadas, possuem consequências reais.  

Sendo ano eleitoral, é fundamental abrir os olhos e rejeitar as emoções e as ilusões dos discursos. É preciso ter a capacidade de encarar o problema e resolvê-lo, sem colocar políticos e candidatos em altares. Hoje, a revolta toma conta. A sensação é que todos perderam um pouco com a morte de Roger e compartilham o luto de sua família. Neste momento, é natural tentar encontrar culpados e apontar dedos. Mas, passada essa reação inicial, é preciso discutir sobre mudanças que precisam ser feitas no sistema.  

Hoje dói. Amanhã, infelizmente, Roger será apenas um número. As discussões seguirão no raso. Qual candidato é melhor ou pior. No meio disso, os agentes de segurança pública seguem na linha de frente de uma luta diária pela vida. Interessa, sim, a muita gente que o cenário permaneça exatamente assim. Afinal, os autorotulados salvadores da pátria surgem exatamente nesses períodos. 

Nos revoltamos, mas logo esquecemos. E, assim, a discussão sobre o tema, tão importante e urgente, será esquecida e substituída pelas campanhas políticas prometendo um mundo irreal, onde tudo é fácil e belo. Uma fantasia ideológica, onde tudo funciona.

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