Sem limite

Vergonha. Talvez essa seja a palavra certa para definir a situação envolvendo alguns vereadores na Câmara de  Divinópolis.  De um lado um parlamentar acusando o outro de ter invadido o seu gabinete. Do outro, a acusação de que outro estaria cometendo o crime de espalhar fake news. A população “dormiu” com mais essa na noite desta quarta-feira. Mas, a grande pergunta é: o que realmente está por trás disso? A situação veio à tona justamente quando há uma polêmica em torno da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na última semana para investigar os gastos da Secretaria Municipal de Educação. Apenas essa observação é motivo suficiente para que o alerta seja ligado. Não é de hoje que o clima no Poder Legislativo divinopolitano não é dos melhores. Os ataques entre os vereadores aumentam a cada dia, e se tornam cada vez mais “pesados”.

A situação dessa quarta-feira escrachou o que os bastidores revelavam há bastante tempo. E, claro, diante este cenário, é impossível não questionar: mas e o povo? Já não é de hoje que situações como estas são escancaradas. Afinal de contas, ao que tudo indica, alguns parlamentares além de terem feito de seus gabinetes “puxadinhos” da Prefeitura, passam longe, mas muito longe de cumprirem o seu papel de vereador. A começar pelos lados que estão: como algum vereador que faz parte da base do governo municipal – não somente deste, que fique claro – automaticamente tem mais acesso às obras, custa a fiscalizar e cobrar do Executivo. Pode-se ainda citar, agora nesta gestão, o fato de apenas seis vereadores terem assinado o requerimento para a instauração da CPI em andamento. A quem interessa não investigar uma situação carregada de perguntas e dúvidas aos divinopolitanos? Com apenas duas situações, que estão explícitas para toda população, já é possível ver que os parlamentares estão longe, de cumprirem com suas responsabilidades enquanto representantes do povo, e de seguir o que determina a Constituição Federal.

Afinal de contas, se tem uma coisa que o Executivo e o Legislativo não são é “independentes”. Por aqui, a cada dia fica mais claro que há mais “caroço nesse angu” do que a população imagina. E, claro, essa falta de respeito dentro do parlamento divinopolitano mostra também que o povo pode sentar e esperar, pois os vereadores têm outras prioridades, dentre elas, a de legislar em causa própria. Isso comprova que, “quem tem limite é município”, o resto, sem cobrança, sem noção, e com muita, mas muita coragem segue o caminho, como um carinho desgovernado descendo uma ladeira. Se na Câmara já teve desmaios, shows, ameaças, e agora a Polícia Militar, a única coisa que falta é os parlamentares partirem para as vias de fato. Porque, por aqui, literalmente, quem tem limite é município. Divinópolis se quiser que aguarde a população escolher representantes que realmente cumpram seu papel. No mais, é só pegar o balde de pipoca e esperar o próximo espetáculo.

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