Se tem show...

Se tem show...

 

…é porque tem plateia. Isso é fato. Como diz o ditado: “Enquanto existir cavalo São Jorge não anda a pé”. Em outras palavras, enquanto existir gente para aplaudir e apoiar determinadas ações – questionáveis – vai existir gente para fazê-las. O comportamento do vereador Diego Espino (PSL) durante o seu pronunciamento na última quinta-feira ganhou destaque nacional. Visivelmente alterado, chegou a desmaiar. Já recuperado, o vereador chegou a publicar em suas redes sociais um novo vídeo falando que iria fazer um teste toxicológico e publicar, visto que algumas pessoas falaram que ele estava sob o efeito de álcool. Engana-se quem acha que o “show” feito por Espino lhe trouxe aborrecimentos, muito pelo contrário, ganhou fãs e seguidores no Instagram. 

Fato que mostra mais uma vez que a população está longe de distinguir o que é certo e o que errado, e que o mundo segue em sua perfeita democracia – apesar de muitos lutarem contra isso. É fato que as imagens do pronunciamento do vereador causaram desconforto, para quem tem o mínimo de bom senso. Afinal, o que se espera de um “representante do povo” é compostura para falar de qualquer assunto, do mais banal ao mais delicado. É fato também que o desmaio, os berros, os xingos excederam os limites de respeito e responsabilidade com o povo, com o Regimento Interno da Câmara e o papel que Espino foi eleito para exercer. Mas também é fato que na mesma medida em que, para uns, a cena causou no mínimo estranheza , para outros foi motivo de admiração. 

E é justamente neste ponto de “motivo de admiração” que se questiona: como admirar, elogiar e apoiar um discurso que chegou ao extremo? E o que fez internautas questionarem se o parlamentar estaria sob efeito de alguma droga? Como acreditar na mudança na política e dos políticos, se há apoiadores para esse tipo de situação no Poder Legislativo? Se tem show é porque tem plateia. E, se há apoiadores, não haverá mudança. Pede-se mudanças e não é de hoje, mas não se muda uma vírgula. O povo quer evoluir, mas apoia atitudes irresponsáveis e impulsivas. E é justamente neste ponto em que chegamos no Brasil. Enquanto existir gente para apoiar e aplaudir esse tipo de comportamento, o país continuará andando em círculos, sem qualquer tipo de perspectiva de mudança. 

Enquanto os poderes Executivo e Legislativo forem o reflexo do povo, e a população, idem, o país continuará da mesma forma que está. Sempre que o povo continuar a votar errado, e não em alguém que tenha comportamento e propostas diferentes dos atuais, a busca pelo herói continuará incessante. E não haverá show capaz de mostrar para a população que o erro está nela mesma, que a busca pela mudança está longe do fim e que os seus representantes são apenas um reflexo de si mesma. Enquanto situações como a da última quinta forem motivo de admiração para muitos, seguiremos na mesma “estrada” turbulenta, em busca de algo ou alguém que nos tire dela, mesmo não aceitando que os únicos capazes de mudar o caminho e a direção somos nós mesmos.

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