Quem não se vacinou tem 11 vezes mais chances de morrer por covid do quem tomou duas doses

Secretaria espera aumento de casos com sintomas leves; disponibilidade de leitos não preocupa

 

Matheus Augusto

“Vacinar, vacinar, vacinar. (...) a vacinação é a única saída para a pandemia." A afirmação, dita ontem em coletiva, é do secretário de Estado de Saúde (SES-MG), Fábio Baccheretti, durante anúncios e esclarecimentos sobre o enfrentamento da covid-19 em Minas Gerais. Ele divulgou, ainda, o resultado de uma análise conduzida pela pasta sobre as mortes em dezembro. O resultado? Quando contaminada, uma pessoa que não se vacinou tem onze vezes mais chance de morrer do que alguém que tomou as duas doses. 

— Minas está entre os estados que melhor vacinou sua população. Temos menos pessoas vacinando hoje do que tempos atrás. Estamos basicamente, cerca de ⅔, aplicando doses de reforço. Temos doses sobrando — afirmou. 

Cerca de 500 mil doses de Pfizer devem chegar a Minas hoje. 

 

Mortes

Durante o início da coletiva, o secretário atualizou os números da vacinação no estado. De acordo com Baccheretti, a tendência é de queda nas mortes pela doença. 

— Temos uma queda muito grande dos óbitos por covid, é a menor média móvel pela doença — citou. 

Há 30 dias, mais de 600 cidades – inclusive Divinópolis – não registram mortes por coronavírus. No período de 15 dias, são mais de 700 municípios sem óbitos, resultado do “sucesso da vacinação”, justifica.

 

Casos

Espera-se um aumento dos casos confirmados no estado nos próximos dias. 

— Certamente, daqui pra frente, a variante ômicron tem um tendência de aumentar os casos — afirmou. 

Outros motivos para o aumento de casos são as aglomerações causadas pelas festas de fim de ano. 

— Nossa preocupação era Natal e Ano-Novo, e não o Carnaval. Certamente teremos um grande aumento. Tivemos aglomerações, a circulação da ômicron, que é mais transmissível, e as pessoas reduziram o uso de máscara: a combinação quase perfeita para o vírus — ressaltou. 

 

Variante

Com base no cenário internacional, a ômicron deverá se tornar a variante de maior circulação no estado até o fim deste mês. 

— Aqui não será diferente. Em janeiro, devemos atingir um aumento vertiginoso de ômicron. A delta, passado para gente, não causou onda, mas a ômicron causará uma onda de muitos casos, com pronto-atendimentos cheios, com pacientes sintomáticos, mas sem aumento considerável de internações. Insistimos nos cuidados pessoais, no uso de máscara e na vacinação — afirmou o secretário.

Segundo os estudos internacionais preliminares, citou Baccheretti, a variante é mais infectante, mas menos letal. Até o momento, não há mortes associadas à ômicron no estado. Todos os pacientes contaminados foram orientados ao isolamento domiciliar. 

— Não tiveram gravidade a ponto de precisar internar —  frisou.

 

Ocupação

O índice de pacientes com covid-19 internados em Centros de Terapia Intensiva (CTIs) também caiu. 

— Estamos com uma baixa ocupação de leitos para covid, cerca de 17%, então temos muitos leitos disponíveis — destacou.

Um dos motivos, aponta, é o aumento de casos de coronavírus em pessoas vacinadas, “o que gera um risco menor de internação”. 

— O sistema de saúde, especialmente os CTIs, está sem pressão. A incidência deve subir, mas a ocupação ainda continua baixa. 

Atualmente, afirmou o chefe da pasta, a maior demanda por atendimento está nos setores de enfermaria. A razão, para além da covid-19, é a crescente disseminação de outras doenças respiratórias, como Influenza e bronquite. 

 

Flurona

A SES investiga seis casos de "flurona", pacientes com casos confirmados de Influenza e covid ao mesmo tempo. As amostras, em análise na Fundação Ezequiel Dias (Funed), terão seus resultados até hoje. Apesar do baixo número, o secretário não descarta a presença de mais casos no estado, ainda não identificados. 

—  Estamos tendo um aumento de dois vírus comitantes. 

Em Minas, já são 1.247 testes positivos de Influenza. Casos mais graves, de internação, ainda são compostos, em sua maior parte, por covid

— Nossa preocupação continua sendo os pacientes com covid-19 que não se vacinaram, com comorbidades, pois são os com maior risco — detalhou. 

Por enquanto, os casos de "flurona" ainda não representam estado de alerta ou epidemia, “pois não têm trazido preocupação com internação”, afirmou o secretário. 

 

Gripe

Contra a Influenza, o governo de Minas solicitou ao Ministério da Saúde a antecipação do envio das doses contra a gripe, especialmente as novas cepas, com distribuição prevista para apenas março. 

— Assim que chegar, faremos a campanha. Tivemos quase 80% na última campanha, então temos uma boa adesão — disse.

 

Estudo

Em dezembro, a SES conduziu um estudo sobre o contexto das mortes por covid-19. O resultado, afirmou o secretário, reforça, novamente, a eficácia da vacinação.

— A chance de alguém não vacinado morrer de covid é 11 vezes do que alguém completamente vacinado — revelou.

Quando comparado com um cidadão que tomou apenas uma dose, a chance ainda segue maior (duas vezes). 

— Quem insiste em desconfiar da vacina, não há dúvida: tem que vacinar; a vacinação é a única saída para a pandemia — afirmou.

 

Crianças

Confirmada oficialmente pelo Ministério da Saúde nesta quarta, Minas Gerais já se prepara para iniciar a vacinação contra covid-19 em crianças de 5 a 11 anos de idade. No estado, essa faixa etária corresponde a cerca de 1,8 milhões de pessoas. 

A SES espera receber, em fevereiro, cerca de 370 mil doses no decorrer de três datas (13, 20 e 27 de janeiro). Todos os imunizantes, seguindo o processo até o momento, serão imediatamente encaminhados às Regionais de Saúde para distribuição aos municípios.

A expectativa é vacinar com uma dose todo o público-alvo até março e, posteriormente, após o intervalo de oito semanas entre as doses, iniciar a aplicação da segunda, conforme a disponibilidade do estoque. 

— A meta é vacinar todos com a primeira dose até o final de março. A segunda dose ficará para o segundo semestre.

O cenário, ressalta o secretário, leva em consideração que todas as crianças se vacinem.

— Esperamos que os pais percebam a importância da vacina, pois ela é segura, e levem as crianças para se imunizar — orientou.

Sobre o tema, Baccheretti explicou que “a vacinação e o retorno à escola não têm associação”. 

— Não existe esse vínculo. As aulas serão retomadas independente da vacinação — afirmou.

 

Testagem

O secretário reconheceu o baixo número de testes realizados e, por isso, uma das frentes de trabalho tem sido o desenvolvimento de estratégias para fortalecer esse processo. A intenção é ampliar a testagem para covid-19 dos mineiros. 

Uma das possibilidades é a aquisição de mais testes para os municípios, que seriam disponibilizados em ponto de grande movimentação popular, como rodoviárias, ampliando o acesso para os cidadãos e desafogando a procura pelos exames em unidades de urgência.

 

Desobrigação do uso de máscara

No fim do ano, antes da identificação na nova variante, a ômicron, a secretaria avaliava a intenção de desobrigar o uso de máscara em locais públicos e abertos. A medida estava prevista para ser decretada já em dezembro, mas, agora, não consta nos planos. 

— Não existe previsão para a retirada da máscara, pois a ômicron transmite rapidamente. Sem a máscara, teríamos uma população inteira doente e, com muita gente contaminada, teremos um alto número de internações — justificou.

 

Festividades

Sobre o Carnaval, o posicionamento permanece o mesmo: o Estado não incentivará nem promoverá festas. O tema chegou a ser discutido dentro da pasta, mas, com o surgimento da nova variante, a possibilidade foi descartada. 

— Quando a gente discutiu Carnaval, em novembro, não tinha ômicron e isso mudou todo o planejamento. Neste momento, não discutimos Carnaval. Estamos preocupados com as medidas para segurar a disseminação da variante. Não vamos incentivar nenhuma aglomeração. [Para quem for fazer] temos o protocolo de eventos, que devem ser seguidos. 

 

Retorno à onda amarela?

Não. Pelo menos é o que espera o secretário Fabio Baccheretti. Segundo ele, nas próximas semanas, o estado deve observar o pico da gripe e de doenças respiratórias, com possível aumento da procura por assistência em pronto-atendimentos. 

— Se houver risco de desassistência, tomaremos essa medida [retorno à onda amarela do Minas Consciente], mas não temos essa expectativa — pontuou.

A principal causa para a regressão da flexibilização seria o aumento considerável de ocupação em CTIs. No entanto, o cenário aponta para poucos casos graves, mesmo nos pacientes contaminados pela nova variante. 

— Mas se tiver um número alto de contaminados, gera pressão hospitalar. Nossa expectativa é continuar com os CTIs capazes de absorver as demandas — explicou.

 

Conscientização

O secretário aproveitou a oportunidade para convidar as pessoas com dose em atraso a completar o esquema vacinal e procurar a dose de reforço. 

— Qualquer vacina é feita para evitar sintomas graves e mortes. Com a covid, é a mesma coisa, esse mesmo papel. As pessoas ainda podem transmitir a doença. A ômicron veio para transmitir muito. Vamos insistir na máscara, evitar aglomeração. A ômicron vai passar, o pico vai cair, todos vão tomar o reforço e vamos conseguir viver a vida normal. Precisamos tomar cuidado agora, onde temos a população suscetível à nova variante. Vacinar, vacinar, vacinar e tomar as demais medidas — recomendou.

 

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