Quando?

Quando?

Se tem uma coisa que não está fácil é ser brasileiro. A cada dia aquele velho ditado “sou brasileiro e não desisto nunca” está mais perto de cair por terra. Pelo quinto mês consecutivo, comprar os alimentos básicos está mais caro em Divinópolis. A cidade segue a tendência do país, onde tudo fica mais caro, graças ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país. De acordo com o Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico Sociais (Nepes), da Faculdade Una Divinópolis, em setembro, o conjunto de alimentos passou a custar R$ 478,84, um aumento de R$ 13,50 em relação a agosto, quando o valor da cesta chegava a R$ 465,34. Como dizem por aí: ser brasileiro está cada vez mais difícil, e se manter de pé também. Isso tudo ‒ junto ao aumento da água, da luz, da gasolina, do gás de cozinha ‒ forma a cada dia um cenário catastrófico, que leva mais famílias para a linha de extrema pobreza. 

 

Ter o básico dentro de casa se tornou uma luta diária. A expectativa, segundo o Nepes, é de que o salário mínimo fosse de R$ 3.340,74 para que o divinopolitano conseguisse manter uma família com dois adultos e duas crianças. Triste e desolador, pois a realidade são os míseros R$ 1.100. A grande questão diante deste cenário é: como sobrevivem aqueles que sequer contam com este valor? Como se alimentam? Como se sustentam? Hoje, nos deparamos um cenário de caos absoluto. Inflação descontrolada, aumentando a cada, e famílias sem o básico na mesa. É o social e o econômico, cara a cara, mostrando que não se tem muitas saídas, se não cobrar, mas de forma justa, daqueles que estão eleitos para representar o povo. Povo este que passa fome hoje e luta diariamente para se sustentar. 

 

A Constituição Federal, em seu artigo terceiro, determina que são “objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. E aí, quem está cumprindo o que manda a Carta Magna? Ou melhor, quem deixou de cumprir, e o povo simplesmente deixou de cobrar e passou a aceitar viver de pão e água? Em que momento o povo brasileiro se perdeu enquanto sociedade a passou a aceitar a atual situação calado, inerte? Em que momento a Constituição Federal passou a ser apenas um papel, sem grande valia?

 

Se formos olhar com um pouco mais de crítica, talvez, o fato de famílias não terem sequer o básico em suas casas, devido ao atual cenário econômico do Brasil, seria passível de crime de responsabilidade contra aqueles que foram eleitos para garantir que o brasileiro tenha acesso à saúde, educação, infraestrutura e alimentação, mas brincam de legislar e de chefes do Executivo. Talvez, se fossemos uma pátria unida, não estaríamos aqui hoje, vivendo um verdadeiro retrocesso, nos sentindo nos anos 90, quando passar fome era normal, era rotina, era aceitável. Quando nos perdemos e nos tornamos o que somos hoje?

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