Preto no Branco: mais votos

As regras que passam a valer nas eleições 2024 para vereador — já usadas nas de deputados em 2022 — prometem sacudir o cenário local. Na Câmara, quem conhece os bastidores e sabe que a campanha começa bem antes, já nota a agitação nos gabinetes. Se bem que nem precisa conhecer o que rola por trás das cortinas, ou melhor, das portas, ou entender muito da política praticada no país, para saber que os cargos são usados em sua maioria pensando na próxima votação. Para o processo do ano que vem, os partidos vão ter que rebolar para fazer seus vereadores. As alterações vão exigir muito mais votos das legendas. O cálculo para Divinópolis é que cada uma precise, no mínimo, de 7 mil votos. Assim, aquele candidato que entra no processo, ou mesmo que já esteja nele, se acha que vai ocupar uma cadeira com poucos votos, 600 e alguma coisa, como ocorreu nos processos anteriores, pode esquecer. 

Vai mexer 

Na Câmara, o que dizem que já está uma correria. É gente estudando as regras para dá um jeito de se encaixar, outros pensando em mudar de partido, e por aí vai. Antes das mudanças, havia aquela primeira rodada:  a luta para atingir o coeficiente eleitoral. Daí, saía os vereadores eleitos. Depois, na composição da legislatura, se tem  os eleitos com mais votos, 5 mil, por exemplo. Isso para qualquer partido. Agora, se a sigla não chegar à quantidade de votos exigidos, não se faz nenhum vereador, 7 mil como dito acima. Isso significa que diminuirá a quantidade de partidos, especialmente, os menores. Mas, não é só isso, o número de candidatos também.  Por isso, a movimentação é intensa. Vai mexer na formação da legislatura e a pergunta que não quer calar da vez  é: ‘para qual partido eu vou’?

Não alcança 

É fato que muitos partidos não vão alcançar 7 mil votos "nem aqui, nem na China". Por isso, não é interessante para quem quer se perpetuar no poder, como ocorre hoje no Legislativo brasileiro permanecerem um partido que não alcançará este montante. Isso significa o fim da identificação e gratidão às legendas, pode crer. É cada um por si e o resto que se dane. Para se ter uma ideia, na última eleição na cidade, eram 27 candidatos por partido, e no ano que vem, 18. Uma redução significativa, principalmente por esta quantidade já incluir a cota de 30% para mulheres. Ou seja, muito menos gente para se ter mais votos. Então se antes, a campanha eleitoral em pleno mandato, já substituía os deveres e obrigações dos representantes do povo, a coisa vai desandar de vez. E o povo como fica? "A ver navios", mais uma vez. Aliás, agora, um oceano inteiro. 

Só holofotes 

Se as CPIs reinaram absolutas — mesmo não dando em nada— na última legislatura, nesta não é diferente, de agora para frente devem ganhar destaque mais uma vez. São três em andamento, vindas do ano passado, e pelo menos mais três na fila. Além de mais dois ou três assuntos já destacados na volta aos trabalhos neste ano, que devem seguir o mesmo caminho. Tem que investigar sim, afinal esta é uma das atribuições dos vereadores. O que não dá, é que mesmo sabendo que vai terminar em pizza, seguem criando uma atrás da outra. Claro, pois mesmo não tendo o resultado esperado, o barulho, as críticas a fulano ou a beltrano, os holofotes, sempre rendem curtidas, adeptos e, principalmente, votos. Modelo “ideal” de se fazer política e permanecer nos cargos, mas que só traz atraso para a cidade e prejuízos incalculáveis à população. 

Olhos vendados 

O fato é: se o povo soubesse de verdade os meandros presentes na política e o que as pessoas fazem para serem eleitas e suas práticas após ocuparem os cargos, certamente faria uma revolução em massa e não iria às urnas. Mas, infelizmente, a maioria não recebeu ou recebe uma educação adequada que os faça tirar a venda dos olhos, assim continua sendo ludibriado e acreditando cegamente em pilantras. E não é qualquer trapaceiro não. São expert no que fazem. E assim, hipnotizada, segue pagando caro para manter duas espécies de bandidos, os presos e os soltos. E arcando com a  justiça também, que, muitas vezes é conivente com um ou outro ou com os dois. Tem suas exceções, como em todo lugar, o que está cada vez mais raro.

Comentários