Preto no Branco: 23/01/2024

Sujeira aberta

Que a sujeira está nos bastidores  de tantos segmentos, em especial, o da política, isso é fato. Isso desde que o mundo é mundo. As negociatas ardilosas entre a Roma Antiga e os fariseus são provas que a história mostra. E o resto do mundo aprendeu direitinho como se faz. Procedimentos vergonhosos que se estendem até os dias atuais, mas com duas diferenças. As práticas modernizaram e ficaram escancaradas. Já se foi o tempo em que as tramas eram bem mais secretas e discretas. O descaramento ficou tão normal, a ponto de se ver no meio da rua a qualquer hora do dia ou mesmo basta dar um clique e transferir o montante desviado da boca do pobre ou roubado por meio das inúmeras facilitações da internet. Naquele tempo remoto, dificilmente eram apresentadas provas que atestassem a veracidade das negociatas criminosas. Hoje, além de não fazerem questão de esconder, tudo vem à tona com uma robustez de provas enorme, mas o que espanta é que neste sentido, não muda nada em relação àquela época. Praticamente não há punições. E quando acontece, "é apenas para inglês ver"! Certeza da impunidade que faz cada vez mais, esse bando de pilantras achar que o crime vale à pena. 

Exemplo não falta 

O último deles, a injeção bilionária de dinheiro pago pelo povo no Fundão, aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado, dentro do Orçamento 2024. O valor astronômico é destinado às eleições deste ano, quando os eleitores escolhem prefeitos e vereadores, financiados via governo federal com  R$ 4,9 bilhões para as campanhas. Isso mesmo. Quase R$ 5 bilhões pagos pelo dinheiro suado do povo que já arca com os gordos salários dos seus representantes. É o tal Fundo Especial de Financiamento de Campanha — o chamado Fundão Eleitoral. Que, por sinal, nem deveria existir. Quem se dispõe a disputar um cargo na política, que faça como antigamente: Gaste sola de sapato e gogó. Ninguém entra na disputa obrigado. Vai por livre e espontânea vontade. E atrás de mais dinheiro, não tentar reverter o investimento da população em benefício. Falta de vergonha na cara — aliás, não sabem o que é isso —  de quem votou favorável e de quem deu a canetada. Esse povo tem que ser preso e banido de vez do poder. Se um dia, o povo acordar do sono profundo no berço esplêndido, quem sabe!

Maiores cifras 

Há dois anos, quando foram eleitos deputados estaduais e federais, senadores e o presidente da República, o valor recebido para as campanhas foi o mesmo: R$ 4,9 bilhões. Vergonha dupla. Para o processo em 2022, os partidos que ficaram com a maior fatia foram União Brasil, com R$ 758 milhões, e PT, com R$ 500 milhões. No entanto, outras siglas também foram contempladas com valores milionários, como MDB,  R$ 360 milhões, PSD,  R$ 343 milhões e PSDB, com R$ 317 milhões. Neste ano, o topo do ranking mudou de dono. O PL do ex- presidente Bolsonaro, maior bancada no Congresso Nacional nas últimas eleições, é que deve abocanhar a maior parte do dinheiro. Numa situação dessas, quem vai ficar com mais ou menos, até se torna irrelevante, se considerar o fato de que  esse valor daria para oferecer uma moradia digna para quem não tem teto, matar a fome de centenas de famílias espalhadas pelo país e salvar muitas vidas. Isso, se o Brasil fosse um país sério, que tivesse lideranças comprometidas com o bem e trabalhasse na prevenção. Mas estamos falando de um lugar onde boa parte seus representantes são movidos pelo ego e tem como única preocupação, encher seus próprios bolsos.

Voto vencido

Para fazer jus a quem  merece e uma forma de mostrar que nem todos os políticos são iguais, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), tentou convencer os colegas  a barrar o aumento bilionário para as eleições. Em sessão conjunta, Câmara e Senado, ele propôs que o Fundão deste fosse igual ao das eleições municipais de 2020 com a correção da inflação. Naquele ano, o valor foi R$ 2,3 bilhões; com a pequena alteração, chegaria a R$ 2,5 bilhões. Porém, a maioria dos senadores e deputados derrubaram a proposta de Pacheco. O divinopolitano Cleitinho Azevedo (Republicanos) também foi contrário ao aumento. Aliás, é preciso ressaltar que ele e seus irmãos, o prefeito Gleidson (Novo) e o deputado Eduardo Azevedo (PL) não concordam com essa distribuição de dinheiro e não usaram em suas campanhas. Pena que são tão poucos em meio à corja. 

Novo presidente 

E o União Brasil, maior cifra do Fundão em 2022, tem novo presidente em Divinópolis. O advogado Eduardo Augusto Teixeira. Ele disse ter sido convocado para assumir a legenda e depois de ouvir a família e amigos, resolveu aceitar o desafio. O partido está com Diretório Provisório no Tribunal Regional Eleitoral, montado, registrado e pronto para receber novos membros que porventura pretendem concorrer a uma vaga na Câmara. O objetivo, conforme o presidente, é renovar o mundo político, sobretudo no Legislativo, para que os vereadores eleitos pela sigla possam legislar em prol da coletividade e de forma eficiente. Excelente oportunidade de composições, já que o próprio Eduardo Augusto deve ser um dos postulantes a uma cadeira na Câmara. 



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