Preto no Branco 21/03

Print e Ademir?

Pelo menos é o quadro que está se desenhando em relação às eleições de 2024, ao analisar o comportamento e ações do presidente da Câmara, Eduardo Print Júnior (PSDB), e de Ademir Silva (MDB). E não é de agora, se o pensamento de alguém que lê neste momento este PB estiver no encontro dos dois na semana passada com representantes da Unidade de Combate ao Crime e à Corrupção (UCC) e do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em Belo Horizonte.  O assunto, a CPI da Educação, sim. Mas as atitudes dos dois sobre o assunto, não. Basta lembrar que o autor do pedido para se instaurar a Comissão Parlamentar de Inquérito foi Ademir que teve, no período, Print como seu principal apoiador. Apareceram juntos inclusive em alguns vídeos, criticando o valor pago pelo brinquedo pedagógico PlayBall. Após meses de apurações, oitivas e muito bate-boca e discordâncias, houve o arquivamento da investigação em outubro do ano passado. No entanto, os dois seguiram cutucando de cá, dali, com outros assuntos, em especial a Saúde. Até que? O assunto ressurge, agora em âmbito estadual. Análise que, conforme entendimento dos órgãos, pode tornar o prefeito Gleidson Azevedo (PSC) inelegível. Resultado que abriria não só o caminho para a dupla, mas uma estrada inteira. 

Coincidências? 

A maioria das pessoas, infelizmente, tem a memória curta e não faz questão de acompanhar, muito menos analisar, a política, mesmo aquela muito próxima que é a local. Isso dá uma abertura imensa para seus representantes fazerem o que bem querem, passando despercebido. No caso da CPI da Educação, para quem não se lembra, a denúncia foi de possível superfaturamento na compra de materiais educativos pela Secretaria de Educação durante o ano de 2021. A relatora foi a então vereadora Lohanna França (PV), hoje deputada estadual. Porém foi voto vencido e o texto foi arquivado por 11 votos a 5. A primeira visita de Print e Ademir na semana passada foi onde? Em seu gabinete na ALMG, certamente para apenas confirmar a agenda na capital que estava previamente marcada. Por sua vez, Lohanna tem uma ótima relação com quem? O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Durval Ângelo, nome antigo e conhecido do PT. Não precisa de mais coincidências  para se chegar à conclusão de que foi por meio dele, toda a articulação para a CPI da Educação voltar à tona, desta vez, com riscos maiores à gestão Gleidson Azevedo.

Tudo indica 

Os indícios são fortes para esta dobradinha entre o presidente e o vereador rumo à Prefeitura 2024.  Porém, não só pelo envolvimento em assuntos que desgastam a imagem do prefeito, mas por outros que só confirmam essa costura. Um deles é que, conforme bastidores, Ademir já teria afirmado que não será mais candidato a vereador. Ele não vai ficar fora da política, o que só confirma sua intenção para as próximas eleições. No entanto, para que essa chapa se torne viável, talvez ele não, mas seu parceiro — no caso, Print Júnior — provavelmente precisará pousar em outro partido. A exemplo das últimas eleições, o seu atual, PSDB, por vários motivos, não deve lançar candidatura própria. O principal nome da legenda em 2020, o deputado Domingos Sávio,  que logo depois se filiou ao PL para apoiar o então candidato à reeleição, Bolsonaro, não lançou nome e nem apoiou nenhuma candidatura. Voltando a este cenário, a falta de apoio seria o principal empecilho. Qual seria a alternativa mais real de Print, então? Se filiar ao PV de Lohanna. Juntaria assim, "a fome com a vontade de comer"! Pode até haver pequenas mudanças neste cenário, mas que tudo caminha para isso, não resta dúvida. Como diria, o autor deste PB por muitos anos, o saudoso Coronel Faria. "Quem viver, verá"! 

Sem defender 

Só para deixar claro, esta análise da coluna não tem a intenção de defender A ou B, apenas esclarecer o que vem ocorrendo — pode se chamar de plena campanha visando às próximas eleições. Neste sentido, apesar de a Prefeitura garantir que todas as aquisições seguiram os requisitos legais e passaram pela validação nos órgãos de controle interno, se não houve intenção de alguém, na forma como foram feitas as compras para a Educação, teve no mínimo, descuido e falta de compromisso com dinheiro público. E apesar de a responsabilidade recair sobre o prefeito, sendo ele o chefe maior, os erros inadmissíveis foram principalmente das secretarias de Governo e de Administração. O secretário Thiago Nunes foi negligente, sim, ao não ter o cuidado em analisar minuciosamente os documentos vindos da Secretaria de Educação, mesmo ciente de que esta atitude poderia prejudicar e muito a atual Administração, a qual ele deve satisfação e explicação. Secretaria esta, e seu responsável, que são hoje o principal calo no pé do prefeito. Isso é fato. 

 

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