Preto no Branco: 16/05

Mineiros na lista 

Minas Gerais será bem representada na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investigará os atos antidemocráticos de 8 de janeiro que resultaram na invasão dos prédios dos Três Poderes em Brasília. Quatro nomes do Estado foram indicados para integrar a lista. Um deles é o senador divinopolitano Cleitinho Azevedo (Republicanos). A CPMI terá ao todo 32 membros, 16 deputados federais e 16 senadores. Como entram os mineiros? A base do governo anunciou os deputados Rogério Corrêa (PT) e Duda Salabert (PDT). Do lado dos oposicionistas, o deputado Nikolas Ferreira (PL) e o senador Cleitinho Azevedo. No entanto, os dois importantes nomes que apoiaram Bolsonaro em Minas serão suplentes. Participam normalmente das reuniões, mas só têm direito a voto se algum dos titulares dos seus partidos faltarem. O que não deixa de ser uma conquista importante, visto que os dois estão nos seus primeiros mandatos em nível nacional. 

Titulares e maioria  

Principalmente pelo fato de os dois serem conhecidos, influentes e terem como bagagem mais de um mandato, era esperado que Damares Alves (Republicanos) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fossem os titulares dos seus partidos na comissão. Cleitinho será suplente da ex-ministra do governo Bolsonaro, Damares Alves e Nícolas do filho do ex-presidente. No PL, ainda tem o Delegado Ramagem (RJ) e André Fernandes (CE). Porém, conforme apurações da CNN, a previsão é que o governo Lula tenha maioria e consiga controlar os rumos da CPMI. A aposta se deve ao fato de que, dos 32 integrantes, de 19 a 22 devem ser governistas. Ainda é uma projeção, mas a probabilidade é que não seja muito diferente disso. O que não se pode é o fato de maior quantidade se transformar em favorecimentos. 

De fora 

Um nome interessante, com muita experiência, conhecimento e argumentos impecáveis, Domingos Sávio — que no ano passado se filiou ao PL, para apoiar a candidatura de Bolsonaro, por enquanto, ficou de fora. Apesar de ser novo na legenda, seria um dos deputados capaz de fazer a diferença. Enquanto isso, os indicados que irão representar o Estado, já tem opinião formada sobre o processo de investigação. Duda Salabert, por exemplo, fala que é preciso evitar que os trabalhos se transformem em uma avalanche de fake news em busca de likes nas redes sociais. O que é uma tarefa quase impossível, em especial se tratando de algumas caras na comissão que fizeram carreira política assim. Do outro lado, Cleitinho diz esperar uma investigação justa e mostrar quem é quem nos fatos. E que as pessoas que financiaram a quebradeira ou participaram paguem, mas muita gente pode ter sido ou estar presa injustamente. Boa argumentação, mas por mais que a justiça brasileira seja falha, dificilmente alguém estaria preso até hoje sem ter algo que pese ao seu desfavor. Tanto, que muitos já saíram para responder em liberdade, ou foram soltos em definitivo. Mas, são situações que só podem ser esclarecidas com o andamento das investigações.    

Bater recorde 

Por falar em investigação, mais duas CPIs podem estar a caminho na Câmara. Uma delas, para apurar as responsabilidades da Prefeitura no funcionamento da clínica de estética, onde a paciente teve uma parada cardiorespiratória na semana passada. O Executivo já até anunciou em coletiva à imprensa que as medidas para a devida apuração já foram tomadas, mas alguns integrantes do Legislativo não abrem mão que o Poder também apure. Direito legítimo e dever dos vereadores, sim. O que não dá mais nesta atual legislatura é abrir um processo atrás do outro — deve bater recorde em toda a história da Casa —, e não dá em nada. A CPI da Educação é um exemplo. Se quer fazer, ótimo. Mas, com a certeza de que terá provas, argumentos e embasamento suficientes, além do poder de convencimento junto aos colegas da Casa. Caso contrário, é desperdício de tempo e dinheiro.

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