Preto no Branco: 15/02/2024

Chegou a hora 

O que se vê atualmente na política em âmbito nacional, com graves reflexos nos estados e municípios, é muito desanimador. As acusações, atitudes e a disputa para ver quem manda mais, já extrapolou todos os limites toleráveis. De um lado, o Judiciário com suas prerrogativas, onde boa parte dos seus integrantes é desacreditada; do outro, grupos políticos, denominados: esquerda e direita. Cada um fazendo tudo que pode — o que não pode também — para ter razão e ficar bem na fita diante dos eleitores. Na outra banda, situação ainda mais caótica. A da população, que nunca foi ativa nas cobranças e peca por demais ao escolher seus representantes —, inerte. Parece ter desistido de vez. A baderna pela qual passa esse país conseguiu colocá-la ainda mais num estado de letargia nunca visto. Entrou literalmente em um estágio que se encaixa perfeitamente em um ditado: "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”! Ou seja, não tem o que fazer. Mas, é esse o caminho? Ficar de braços cruzados assistindo gente desonesta, manipuladora e que vende a alma por dinheiro fazendo o que bem quer? Não se pode mudar o passado. Mas é possível, sim, fazer diferente no presente para se garantir um futuro, no mínimo, digno. A hora é agora. Neste ano tem eleição. 

Se repete 

E na bagunça generalizada que dividiu a política nos últimos anos, apenas em dois lados, Divinópolis é apenas um dos inúmeros municípios brasileiros que rezam na mesma cartilha. Políticos das antigas que já geriram a cidade e defensores da boa política, também desta época, são unânimes em afirmar que nunca se viu por aqui, um Executivo e Legislativo tão divididos e com extrema incapacidade de diálogo. Na verdade, nem precisa ter essa bagagem toda para se afirmar isso. Quem acompanha o cenário divinopolitano, mesmo que pouco, fica indignado ao constatar que o município trava o seu desenvolvimento por causa de "picuinha política". A começar pela Câmara, onde alguns vereadores, mesmo a proposta sendo de extrema importância para os divinopolitanos,  barram pelo simples fato de serem oposição ao prefeito. Prevalece o "eu". "Apareço, gero polêmica e, consequentemente, engano muitos leigos e levo seus votos". Por outro lado, a Prefeitura perde por não "dar a cara a tapa" em público, fora das redes sociais, até mesmo usando a tribuna para explicar em um contexto simples, mas convincente, o que realmente acontece. Enquanto isso, o tempo passa e Divinópolis e seu povo seguem pagando a conta. 

Sociedade do espetáculo 

Ou cidade, como queiram. O livro de Guy Debord, “A Sociedade do Espetáculo”, retrata muito bem a atual realidade. Ele foi o primeiro a afirmar como a perspicácia dos ocupantes de cargos políticos é mais importante do que eles realmente fazem. A queda do Brasil no ranking da Transparência Internacional sobre percepção de corrupção, 104º lugar entre 180 países, mostra bem isso e como dito nos tópicos anteriores. O resultado divulgado no mês passado, só confirma a necessidade da mudança imediata. Vira e mexe tem operação da Polícia Federal investigando desvios em todos os cantos do país. Situação vergonhosa e que tentam a todo momento, disfarçar em vídeos e fakes news nas redes sociais. E o pior: se valem dos cargos para fazer isso. “É a farra do boi” que se transforma nos espetáculos.  

Centro da polêmica 

Quem mora em Divinópolis e tem 50 anos ou mais, certamente se lembra do escândalo envolvendo a modelo divinopolitana Lilian Ramos e o então presidente da República, Itamar Franco. Ela apareceu nas fotos supostamente sem calcinha, no Carnaval de 1994 quando foi fotografada durante o desfile das escolas de samba no Rio de Janeiro. E sabe quem aparece ao lado dos dois nas manchetes dos principais jornais do país à época? Um político conhecido que também estampou capas de jornais e virou assunto na semana passada: Valdemar Costa Neto. Ele foi preso pela Polícia Federal — solto três dias depois — na investigação de tentativa de golpe de Estado. Há 30 anos,  estava no centro da repercussão da polêmica foto. Foi o presidente do PL, o responsável por levar a modelo até o espaço onde Itamar assistia ao desfile. À época, com 44 anos, Waldemar disse que jamais passou pela cabeça de Lilian que a oportunidade de conhecer o presidente e uma foto ao lado dele iria abalar as estruturas da República. Já o político certamente não previa que seu nome estaria envolvido em tantos outros escândalos. Se bem que, em se tratando de alguns, os primeiros experimentos desses “modus operandi” se tornam um vício praticamente impossível de se curar. 

Por medo 

O episódio repercutiu demais na época, principalmente em Divinópolis. Por isso, pouco tempo depois, Lilian Ramos foi para a Itália, onde acabou ficando.  Atualmente vive em Roma, onde trabalhou como modelo. Ela disse a RecordTV, em 2016, ter optado por sair do Brasil por causa do “medo” da repercussão do caso. E não é para menos. Ninguém supera um escândalo desses, sem se fragilizar. 

 

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