Preto no Branco 02/03

Da Redação

União

Na reunião desta terça-feira, na Câmara, um assunto provável dominou os discursos dos vereadores: a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). As já recorrentes críticas ganharam força com a indignação de desabastecimento em diversos bairros de Divinópolis, principalmente da região Sudeste. No fim de semana, o prefeito Gleidson Azevedo (PSC) gravou e publicou diversos vídeos com moradores mostrando que, ao girar torneiras e mangueiras, nada sai. Aos seguidores, voltou a reafirmar: continuará sua luta para que a empresa deixe a cidade. Os vídeos, numa tentativa de se mostrar ciente da situação, não adiantaram. Vários edis, além da deputada estadual Lohanna França (PV), em discurso na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), cobraram que o chefe do Executivo abandone os vídeos e, de fato, sente-se na mesa com representantes da companhia em busca de soluções. Criticaram, obviamente, também a Copasa, pelo histórico de insatisfação com o serviço prestado no Município, além do governador Romeu Zema (Novo) e a Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Estado de MG (Arsae). Outros parlamentares também solicitaram apoio ao senador Cleitinho Azevedo (PSC) para mediar o conflito e melhorar o atendimento oferecido aos contribuintes. O senador chegou a divulgar um vídeo em que, por telefone, conversa com o presidente da Copasa cobrando a solução do problema: “Não vamos aceitar isso mais, não”. Ele disse também defendeu que seu irmão, como prefeito, tem prestado apoio aos moradores, inclusive através de auxílio que deveria ser prestado pela própria empresa. Por fim, acrescentou não se incomodar com as cobranças: “Estou aqui para correr atrás”.

 

A tal falada união

Este é, inclusive, um dos pontos de vista sobre a situação. O atual prefeito tem uma "força-tarefa" privilegiada, por contar com dois irmãos representantes na ALMG e no Senado. Se, nas campanhas, não apenas deles, mas também de outros, tanto se falou em união entre os representantes da cidade, este é, por exemplo, um dos desafios que pode ter uma resolução com o trabalho conjunto entre autoridades eleitas. Quebrar um contrato na administração pública não é tarefa fácil. Não foi Gleidson quem assinou o contrato, mas ele quem se encontra agora em meio ao desgaste, cabendo a ele articular soluções. Justamente por isso, não se deve jogar a responsabilidade dos problemas à Justiça, à espera de uma decisão favorável, que pode demorar tempo. Assim, a fala dos vereadores é válida: é preciso achar caminhos para o diálogo e construir políticas públicas e investimentos que acabem com as manchetes repetidas. Não é possível normalizar a falta de um elemento tão básico na vida das famílias quanto a água. Como o Agora reportou em sua última edição, crianças, pela falta de banho, estão deixando de ir às aulas. 

 

Demorou, mas arrumou…

Em nota no fim da tarde de terça-feira, a Copasa ressaltou que, desde a última sexta, está mobilizada para solucionar o problema, reconhecendo sua responsabilidade sobre a situação. São esperadas, ainda, a implementação de melhorias: “Além disso, a empresa vai iniciar até o final desta semana a construção de uma rede adutora de vazão maior que vai interligar os três poços artesianos que abastecem a região Sudeste ao reservatório que atende a essa parte da cidade, reduzindo o número de vazamentos”.

 

Saúde

Outro tema bastante apontado negativamente pelos vereadores tem sido a saúde, especialmente a Atenção Primária, ou seja, os postos de saúde. O entendimento é que as unidades, voltadas ao atendimentos de casos leves, deixam a desejar e, por isso, parte da população se vê “forçada” a ir à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em busca de uma resolubilidade mais ágil. E vários já expressaram insatisfação com o secretário da pasta. O tema deverá ser, pelos próximos meses, novamente alvo de críticas e discussões. O próprio vereador Zé Braz, membro da Comissão de Saúde, em entrevista ao Agora, reconheceu as melhorias implantadas pela nova gestão da UPA, que ainda sofre com superlotação, especialmente de pacientes com doenças de menor urgência. O problema reside justamente no fato de o sistema de saúde funcionar em rede e cada vulnerabilidade, como uma bola de neve que desce desenfreada, apenas agrava as já rotineiras e volumosas demandas da área.

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