Preto no Branco - 16/02/2023

Infidelidade

O processo que pede a expulsão do vereador Zé Braz do PV está em fase avançada. Pelo andar dos fatos, o presidente do diretório local do partido, Rodyson Kristnamurti, não vai sossegar enquanto não ver o colega de legislatura longe da legenda.  O imbróglio começou nas costuras para formação das chapas que disputariam a eleição da Mesa Diretora da Câmara. Zé Braz deixou de apoiar a “quase chapa”, encabeçada por Rodyson, e declarou apoio ao grupo opositor, que tinha como “cabeça”, o então presidente, Eduardo Print Júnior (PSDB), que acabou sendo reeleito. A decisão, conforme alega o comando do PV, configura em infidelidade partidária, visto que o partido tinha candidato próprio. A denúncia já está com a direção estadual do partido que deve anunciar a decisão, logo após o carnaval. Para evitar o pior, o vereador tem a prerrogativa de deixar a sigla antes do veredicto. Será que Zé Braz vai pedir para sair?

Marasmo

Esse, e pelo menos mais dois assuntos, os quais a coluna teve conhecimento, de repente podem movimentar os corredores e as reuniões ordinárias da Câmara. Cá para nós, os encontros estão numa fraqueza tão grande que dão preguiça. Parece que alguns vereadores ainda nem voltaram das férias. Literalmente, o Legislativo está fazendo jus àquela frase conhecida: “As coisas no Brasil só funcionam depois do carnaval”! Uns projetos sem sal, discursos mornos e assuntos batidos resumem esses dias de trabalhos no Plenário da Casa. Visita de vereadores de outros municípios, economia nos gastos e participação em cerimônias, são ações fraquíssimas para uma cidade do tamanho de Divinópolis. Nos poupe!

Fazendo falta

Mas já? Sim. Eduardo Azevedo (PSC) e Lohanna França (PV), eleitos deputados estaduais, estão fazendo falta nas reuniões de terça e quinta-feira. Não pelas desavenças que havia entre os dois, e rendiam bate-bocas acalorados — apesar de que a maioria gosta é disso —, mas os assuntos interessantes abordados e a forma de atuação. Lohanna era determinada nas críticas mais ferrenhas à gestão Gleidson Azevedo, mesmo partido do irmão, que, por sua vez, era responsável em defender a  Prefeitura de forma mais exaltada. Além disso, levaram assuntos aos seus discursos que muitas vezes geravam polêmicas e causavam alvoroço na cidade. Isso ainda não foi visto com a saída dos dois. Apesar de que Roger Viegas (Republicanos) tem esse perfil e, vez ou outra, faz muito bem este papel. Será que mais alguém vai se habilitar? Ou a exemplo dos demais vão tentar levar meio que “em banho Maria”, já que faltam menos de dois anos para as próximas eleições?

Segue rendendo

Por falar em Lohanna, sua ausência no palanque de autoridades, na solenidade de retomada das obras do Hospital Regional, continua rendendo. Como este PB dissecou na edição desta terça-feira, ela foi a única deputada presente a ficar de fora, enquanto outros que nem base tem na cidade  riam e acenavam aos quatro cantos, ao lado do governador, Romeu Zema (Novo).  O fato descabido levou o líder do governo na Assembleia Legislativa, Gustavo Valadares (PMN), a pedir desculpas à deputada durante seu pronunciamento na última terça-feira. Mas, não para por aí. O PV, partido ao qual Lohanna se filiou no ano passado, elaborou uma nota de repúdio. E que nota! Chama o governador à responsabilidade, pode não ter sido dele, mas vai respingar, não resta dúvida. Alega ser um evento público pago com o dinheiro do povo, não partidário — certíssimo. Mesmo se fosse, seria falta de respeito por parte dos organizadores. Se ele disser que não tem culpa, sobra para seu cerimonial, se este também sair fora, vai sobrar para alguém, isso é fato.

De oposição

Agora, se o motivo for oposição ao governo do Estado, mesmo que não tenha dado a determinação, pode ser que Zema tenha concordado com o veto à Lohanna. E isso não é segredo, visto que ela fez isso em seus dois anos de Câmara Municipal. Na ALMG, não tem sido diferente. A deputada faz parte do grupo com 20 parlamentares que formam o grupo de oposição. O líder é o deputado Ulysses Gomes (PT), o que não é novidade. O partido tem a maior bancada desta legislatura, com 12 deputados. O grupo tem ainda quatro parlamentares do PV, entre eles, Lohanna, dois da Rede, um do Psol e um do PCdoB. Todas estas legendas disputaram as últimas eleições agrupadas em duas federações partidárias: FE Brasil (PT-PCdoB-PV) e Psol-Rede. Claro que o número é bem inferior ao composto no bloco da situação, que conta só na fatia governista com 34 deputados. Tem ainda o outro bloco considerado mais independente, com 24 representantes.  No entanto, o que falta de integrantes nos opositores, sobra em barulho e cobranças. Olhando por este lado, a ausência da deputada no palanque, faz sentido.

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