Prefeituras precisam capacitar professores para a latente realidade das crianças autistas

Ana Fernanda Galvão

Entre uma agenda e outra, eu tenho feito algo que considero ser de suma importância: capacitar servidores públicos sobre as melhores práticas no trabalho a fim de criar um ambiente inclusivo para todos os alunos com Transtorno do Espectro do Autismo  (TEA), ajudando-os a atingir todo o seu potencial.

É necessário difundir, cada vez mais, o conhecimento de forma maciça e urgente. Por isso, em abril, desenvolvi a palestra gratuita “Como identificar sinais e sintomas do  TEA, que visa a intervenção e detecção precoce de atrasos no desenvolvimento, fala, socialização e outros sinais de autismo. Foi um sucesso! Levei conhecimento para escolas, igrejas e locais com grande concentração de crianças em fase de aprendizados diversos. 

Em todo o Brasil, diversas prefeituras estão investindo em capacitações de profissionais envolvidos no diagnóstico do autismo para melhorar o processo de identificação deste transtorno. Estas capacitações visam treinar os professores, técnicos da saúde e outros profissionais para que consigam diagnosticá-lo antes que seja tarde demais para tomar medidas corretivas. Além disso, elas oferecem orientações específicas sobre a identificação precisa dos sintomas e auxiliam nos casos em que houver necessidade de uma avaliação por especialistas experientes neste assunto.

Na nossa região, alguns prefeitos já têm se atentado para a crescente demanda de mão de obra qualificada, além de estarem preparados para atender a população (já que é uma das premissas dos servidores públicos) as crianças e adultos que se utilizam do serviço público municipal. Cidades como São Sebastião do Oeste e Pedra do Indaiá iniciaram a capacitação por professores da rede municipal e estadual de ensino, o que considero um avanço para a nossa região, mas muitas outras cidades precisam se atentar para o assunto. 

Nos cursos que aplicamos, há uma variedade de aulas de treinamento de professores disponíveis que se concentram especificamente no ensino de crianças com TEA. Essas aulas incluem tópicos como compreensão dos sinais e sintomas do autismo, desenvolvimento de estratégias de sala de aula para apoiar as necessidades sociais, de comunicação e comportamentais dos alunos, criação de planos educacionais individualizados, identificação e abordagem de comportamentos desafiadores em sala de aula, bem como aprendendo sobre práticas baseadas em evidências para ensinar indivíduos com transtorno do espectro do autismo.

O curso não apenas fornece aos professores informações valiosas sobre as melhores práticas no trabalho com indivíduos diagnosticados ao longo do espectro, mas também ajudam a equipar os professores com as habilidades necessárias para desenvolver efetivamente um aprendizado adequado, adaptado às necessidades individuais de cada aluno. Além disso, esses treinamentos permitem que os educadores entendam como certos estímulos sensoriais podem afetar adversamente aqueles que vivem nessa população, para que possam acomodá-los melhor em um ambiente escolar ou doméstico, quando necessário. Por fim, ao participar de um curso de treinamento de professores, os educadores têm uma visão mais ampla das técnicas de gerenciamento de comportamento que, em última análise, levarão a interações mais bem-sucedidas entre eles e seus alunos diagnosticados no espectro autista.

Os resultados obtidos com essas capacitações têm sido extremamente positivos. As crianças autistas podem receber intervenções muito mais cedo (quando comparadas àquelas obtidas por meio da observação convencional realizada por pessoas que não convivem com a criança) proporcionando um cuidado muito maior e melhores resultados a longo prazo. Além disso, as famílias conseguem lidar melhor com os problemas relacionados a este distúrbio neurológico quando possuem informações suficientemente detalhadas acerca dele e quando contam com apoiadores adequadamente preparados para guiá-los durante o processo terapêutico da criança autista.

 

 

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