Prefeitura confirma casos suspeitos de chikungunya em Divinópolis

Registros de dengue seguem na crescente; especialista detalha situação no município

Bruno Bueno

 

Divinópolis já possui casos suspeitos de chikungunya. A informação foi confirmada em primeira mão pela reportagem junto à Prefeitura na tarde desta segunda-feira. Ao menos quatro notificações foram contabilizadas e aguardam exame sorológico para confirmar a suspeita.

Os casos de dengue continuam aumentando. O boletim divulgado ontem pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) mostra o aumento dos registros. A reportagem ouviu um especialista para detalhar a situação em Divinópolis.

 

Números 

 

Quatro casos suspeitos de chikungunya já foram contabilizados na cidade. Porém, ainda sem resultado de exames sorológicos. Por outro lado, não há registros de notificações de Zika Vírus. 

O boletim epidemiológico da dengue também foi divulgado ontem pela Semusa. Divinópolis tem 1.738 casos notificados e 855 confirmados. O número de hospitalizações saltou para 56. 

O bairro Santa Rosa, com 141 registros, lidera o ranking. A lista ainda tem Centro (51), Belvedere (34), Interlagos (32), Sagrada Família (30), Paraíso (24), São José (21), Dona Rosa (19), Candelária e Nações, com 18 cada.

 Os dados são referentes ao período de 1 de janeiro a 18 de março de 2023. 88.505 vistorias já foram realizadas em imóveis da cidade.

— Nestas visitas, os agentes detectaram e vedaram 163 caixas d’água. Os mutirões de limpeza já recolheram 59 toneladas de reservatórios e mais 34 de pneus, que também poderiam servir de criadouros do mosquito Aedes aegypti — informou a Prefeitura.

 

Especialista

 

Mariana Leal é supervisora de Vigilância Epidemiológica na Semusa. À reportagem, disse que o aumento dos casos de dengue nesta época é esperado devido a sazonalidade e período chuvoso. 

— Porém, neste ano, não só em Divinópolis como em todo estado de Minas Gerais, houve um aumento muito grande. São várias variáveis: indicativos altos, mosquitos contaminados, poucos cuidados com ambiente por parte da população, etc — explica.

 

Trabalho

 

A especialista destaca o trabalho realizado pela Prefeitura para conter o avanço do mosquito em Divinópolis.

— (...) Intensificar a orientação por nossa parte aos profissionais no atendimento, reforçando a importância da notificação dos casos para sabermos onde estão os focos e fazendo o trabalho de prevenção. Além disso, fornecemos informações através de divulgação de informes epidemiológicos para toda população a fim de orientação — comenta a supervisora.

Ainda segundo a profissional, um plano de contingência municipal foi elaborado.

— Esse plano contém a atualização de fluxos de notificação dos casos suspeitos entre as fontes notificadoras, vigilância epidemiológica e controle vetorial para acelerar o processo. Além disso, ele busca avaliar a distribuição dos casos notificados por bairro e repasse imediato das informações para o controle de vetor e equipes de saúde para ações pertinentes a cada profissional — pontua.

 

Operação Lote Sujo

 

Com o objetivo de combater a dengue em Divinópolis, a Semusa realiza, entre os dias 27 e 31 de março, a operação “Lote Sujo”.

— A operação, realizada pelos fiscais, tem como objetivo verificar as denúncias de lotes sujos, feitas através do APP Divinópolis. Os profissionais irão percorrer todas as regiões da cidade. Além de manter a cidade mais limpa, esta ação tem foco também no auxílio ao combate à dengue, que vem crescendo no município — detalha a Prefeitura.

Sendo verificada a necessidade de limpeza, os fiscais de posturas notificam os proprietários dos imóveis para que seja providenciada a correção do lugar. 

— Em caso de o proprietário não providenciar a limpeza, a multa, para um lote de 300m², pode chegar a R$ 1.455,30. Em 2021, foram feitas 4.640 notificações aos proprietários dos imóveis e em 2022 foram 4.565 notificações. Agora em 2023, no período de 1º de janeiro e 16 de março, já foram emitidas 1.426 notificações — completa.

 

LIRAa e fumacê

 

Os números do Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), realizado em Divinópolis, mostram que 94% dos focos foram encontrados em residências; o restante (6%), em lotes vagos.

 — Como a maioria dos focos estão dentro das residências, a luta contra a dengue precisa do apoio da população. Atualmente cerca de 40% dos imóveis estão fechados ou não os moradores não recebem os agentes — relata o Executivo Municipal.

  O bloqueio de transmissão com o fumacê veicular já foi realizado em 1.907 quarteirões e, pelo fumacê costal, outros 143 quarteirões foram beneficiados. 

— Sobre esta questão, a Semusa informa que a escolha dos locais, onde são contemplados com “carro fumacê”, não é feita de forma indiscriminada ou aleatória. A Vigilância em Saúde Ambiental recebe as notificações da dengue de toda a cidade e analisa quais bairros possuíram os maiores índices de notificações nas últimas quatro semanas — detalha.

O fumacê passou ontem pelos bairros Orion e São Roque na parte da manhã e no Bela Vista à tarde, em todos os quarteirões. Hoje, é a vez do bairro São José, durante todo o dia, em todos os quarteirões. O bairro São Judas recebe o carro amanhã. 

Na quinta, os contemplados são os bairros Tietê, na parte da manhã, e Belvedere I, à tarde. O bairro Belvedere II é contemplado na sexta. No sábado, para finalizar a semana, é a vez dos bairros Orion e São Roque.

 

Cuidados

 

Eliminar água parada é a principal maneira de interromper o ciclo do mosquito. Tampar caixas d’água, colocar areia nos vasinhos de plantas, manter o quintal limpo e recolher lixos são hábitos que devem ser feitos diariamente.

Em caso de sintomas, o paciente deve procurar a Policlínica de Divinópolis. O local foi designado como ambulatório para casos suspeitos de dengue. A sede fica na rua São Paulo, nº 10, Centro e funciona de 7h às 17h.

— O objetivo do serviço é ampliar o acesso da população com suspeita de dengue aos serviços de saúde do município, dando suporte às unidades e diminuindo a procura de atendimento destes casos na UPA. Somente de 8 a 15 de março, foram atendidos 283 pacientes neste ambulatório — acrescente.

 

Dengue, chikungunya e zika

 

As doenças têm sintomas parecidos. De acordo com o Instituto Fiocruz, a dengue se destaca pelas dores nos corpo e a Chikungunya por dores e inchaço nas articulações. Os sintomas da Zika incluem manchas na pele e coceira no corpo.

 

Saiba como diferenciar:

 

  • Dengue: doença mais grave. Os sintomas incluem febre, dores no corpo, cabeça e olhos, falta de ar, manchas na pele e indisposição. Em casos mais graves, pode provocar hemorragias e óbito;

 

  • Chikungunya: enquanto a dengue tem dores musculares, esse vírus apresenta dores articulares. Alguns sintomas duram em torno de duas semanas, mas a fadiga pode durar meses. Casos de morte são muito raros. No entanto, a doença afeta bastante a qualidade de vida do paciente;

 

  •  Zika: doença com sintomas mais leves. Pacientes costumam apresentar febre mais baixa, olhos avermelhados e coceira. Normalmente, o vírus não causa morte e os sintomas não duram mais que sete dias. 

 

O tratamento dessas doenças é praticamente o mesmo, uma vez que não existem medicamentos específicos. Recomenda-se que o paciente, nos três casos, permaneça em repouso e beba bastante líquido.

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