Prefeito reconhece desafios na saúde e não descarta construção de segunda UPA
Gleidson espera aval do governo federal para ampliar horário de funcionamento de mais postos de saúde

Matheus Augusto
O prefeito Gleidson Azevedo (PSC) chega ao seu terceiro ano de mandato com um desafio antigo: melhorar a Saúde em Divinópolis. Para os próximos dois anos, a expectativa é ampliar o horário de funcionamento de mais postos de saúde e presenciar a retomada do hospital regional, além de não descartar a construção de uma nova Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
As perspectivas foram discutidas por Gleidson durante a mesa redonda promovida pelo Agora na última semana, que também reuniu o deputado federal Domingos Sávio (PL), e o presidente da Câmara, Eduardo Print Jr (PSDB). Na conversa, o prefeito reconheceu a defasagem da área.
— A Saúde, como eu tenho dito nas entrevistas, foi a área que menos avançou no governo. Sou muito honesto nesse sentido, até porque não depende 100% do governo. A gente depende tanto de recursos federais quanto estaduais — explicou.
Saúde na Hora
Uma das conquistas de sua administração foi a implementação do programa federal ‘Saúde na Hora’. A iniciativa do Ministério da Saúde, voltado para a Atenção Primária, custeia o funcionamento estendido de unidades de saúde. Em Divinópolis, são cinco postos contemplados: Belvedere, Planalto, Sagrada Família, Tietê e Ermida.
— Na parte da Prefeitura, um grande ganho foi o Saúde na Hora, em que a gente conseguiu com que cinco postos de saúde fiquem abertos até às 22h — avalia o prefeito.
Em 2023, o Município espera conseguir a habilitação, junto ao governo federal, de mais cinco unidades. A medida é considerada como uma das estratégias para ajudar a diluir a procura por atendimentos na UPA.
— Podendo estender esse horário dos postos, vamos poder desafogar muito a UPA — reflete.
O presidente da Câmara também reconheceu a importância de orientar os moradores sobre quando procurar o posto ou a unidade de urgência e emergência, visto que a UPA acaba atendendo casos de menor gravidade que poderiam ser resolvidos na Atenção Primária.
— O que nós temos que fazer é tentar colocar na cabeça do cidadão divinopolitanos que estamos abrindo os postos de saúde até às 22h para que ele possa ir mais facilmente a um posto de saúde, e não à UPA. (...) Não adianta abrir dez postos de saúde, se a população não for — cita Print.
UPA
Inaugurada em 2014, a UPA em Divinópolis é referência para a microrregião. Uma dos principais pontos de atendimento em saúde da cidade, a unidade é alvo constante de críticas e até mesmo investigações.
Uma das ações de Gleidson foi justamente rescindir o contrato com a antiga gestora, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS), para iniciar uma nova licitação. No fim do ano passado, o Instituto Brasileiro de Políticas Públicas (Ibrapp) assumiu a administração da unidade.
Ainda é cedo para tirar conclusões sobre a nova empresa, argumenta o chefe do Executivo, que cita a importância de uma rede de saúde integrada.
— Falar que a UPA está com 100% de aprovação, vou estar mentindo. Eu tenho plano de saúde, mas quem não tem e passa mal vai para onde? Vai para UPA. O único lugar que temos para atender, de imediato, a população é a UPA. Só vamos melhorar isso tendo outra UPA ou tendo o Hospital Regional — defende.
A opinião também é compartilhada pelo presidente da Câmara, que cita, por exemplo, a dificuldade de transferência de pacientes.
— A UPA fica sobrecarregada porque as cirurgias eletivas não acontecem, a pessoa não vai para a casa, ela também não quer ser transferida para outra cidade, (...) todo mundo quer ir para o São João, que não consegue absorver todo mundo — afirma.
A construção de uma segunda UPA não é descartada pela atual gestão. O prefeito vê na eleição de seu irmão, Cleitinho Azevedo (Republicanos), para o Senado e na reeleição do deputado federal Domingos Sávio a chance de ampliar os recursos para a saúde na cidade.
— Construir um posto ou uma UPA não é tão difícil, pois é possível conseguir recursos para viabilizar. O mais difícil é o custeio — ressalta.
O parlamentar se colocou à disposição do prefeito para ajudar na articulação de recursos para aumentar os repasses dos governos federal e estadual ao Município.
— Planejarmos juntos, quem sabe, a construção de uma segunda UPA. (...) O município não dá conta de bancar isso sozinho — pontua.
Entre as conquistas de Domingos para a área no último ano está a destinação de verbas para o Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), Associação de Combate ao Câncer Centro-Oeste Minas (Acccom), Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região do Vale do Itapecerica, reforma do Centro Social Urbano (CSU), compra de um veículo para o Samu com tração para atendimento à zona rural.
— Na Saúde, o volume de demandas é muito grande, mas eu tenho procurado todo ano ajudar um pouco — destaca.
Hospital Regional
Enquanto a possibilidade de uma segunda UPA segue no papel, cerca de 60% do Hospital Regional Divino Espírito Santo, em Divinópolis, já foi concluído. A obra, iniciada em 2010, foi interrompida em 2016, com a suspensão dos repasses estaduais. Agora, com a garantia em caixa da indenização paga pela Vale em decorrência da tragédia de Brumadinho e a homologação da licitação, a oficialização da retomada deve ocorrer ainda neste mês.
— Eu estive com o governador [Romeu Zema, do Novo] dia 22 de dezembro, (...) e ele assumiu o compromisso de vir aqui, em janeiro, dar a ordem de serviço para a gente começar o ano com o reinício da obra — antecipa Domingos.
Para o deputado federal, o grande desafio será assegurar o funcionamento da estrutura.
— Se não der para começar funcionando com 230 leitos, que comece com 100 leitos, já vai desafogar muito a região. (...) Para fazer aquele hospital funcionar, vamos precisar buscar recursos federais e eu sei como. (...) Não podemos é ficar com medo de terminar o hospital por medo do custeio — conclui.