Preço do café tem alta significativa

Leite vem encarecendo há pelo menos três meses; seca e geadas contribuíram

Da Redação

Depois de o consumidor lidar com várias elevações nos preços de diversos itens de alimentação, agora chegou a vez de o café com leite encarecer a mesa brasileiro ‒ consequência dos efeitos da seca e das geadas que afetam a produção no campo e, assim, tendem a pressionar os valores desses dois produtos até as gôndolas dos supermercados.

Preços

Essa alta já pode ser sentida no bolso do consumidor divinopolitano. Levantamento realizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico Sociais (Nepes) da Faculdade Una Divinópolis, entre os dias 19 a 24 de julho, mostra que o custo médio do grupo de alimentos que compõem a cesta básica apresentou um aumento de 3,83% em relação a junho, passando a custar R$ 454,86, ante R$ 438,08 em junho.

O responsável pela pesquisa, professor Wagner Ferreira, revela que entre os itens que demonstraram maior variação está o café, com alta de 40,02%, passando do preço médio de R$ 9,82 em junho para R$ 13,75 em julho.

— A alta no preço dos produtos é consequência da falta de chuva, da queda da temperatura e do aumento nos custos da produção. No caso específico do café em pó, que teve uma alta significativa em julho último, a preocupação com geadas e em relação aos efeitos do clima na safra resultou na alta do grão e do café no varejo ‒ assim como a banana, a batata e o tomate, que tiveram sua maturação atrasada por causa do frio, provocando queda na oferta e alta de preço — explica Wagner. 

Leite

O pecuarista que lida com gado leiteiro também foi afetado com a falta de chuva decorrente das estações outono e inverno, além das geadas, ocasionando uma menor oferta de leite no campo. Somados aos custos do produtor, o elevado preço da alimentação do rebanho fez com que o preço do leite tivesse alta nos últimos meses. 

— Durante o outono e inverno, o menor volume de chuvas prejudica a qualidade das pastagens e, consequentemente, a alimentação do rebanho. E, nesta luta diária, o produtor rural vai fazendo o que pode para se manter no mercado. Para se ter uma ideia, o pequeno produtor, em Divinópolis e região, está recebendo em média R$ 1,80 por litro e o grande entre R$ 2,00 e R$ 2,50. Vale ressaltar que a quantidade e qualidade interferem no valor — avalia o presidente do Sindicato Rural, Irajá Nogueira.

Preços 

A reportagem esteve em um supermercado e constatou que o preço de um pacote de 500 gramas de  café custava entre R$ 8,99 e  R$ 12,79, dependendo da marca. Já o leite na caixinha era comercializado entre R$ 3,40, na promoção, e R$ 3,79. Em outra loja, os custos dos pacotes com o mesmo peso variavam entre R$ 8,90 e R$ 12,90, conforme a marca. Já o litro de leite girava entre R$ 3,78 e R$ 4,68, também de acordo com a marca.

— Temos que pesquisar sempre. Mas nem todo preço baixo significa economia. Vejamos o caso do café, temos que ter cuidado com marcas desconhecidas, mais baratas, pois, se o pó não rende, ele acaba rapidinho e você tem que comprar mais — disse a dona de casa Rogéria Nascimento.

O comerciante Kelmert Bueno afirma que os preços estão subindo pouco a pouco, e a qualquer momento terá que repassar para o consumidor.

— Meu cafezinho custa R$ 1 há anos, já perdi a conta de quanto tempo tem. E já passamos por vários aumentos e não repassei para os clientes, procedimento que eu evito ao máximo. Mas vai chegar um momento que não vamos aguentar e teremos que repassar — avaliou o empresário do ramo.

Percentual

Segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o preço do produto deverá chegar de 35% a 40% mais alto à mesa do consumidor até o fim de setembro.   

— Faz sentido esse aumento de 40%. A geada fez o café saltar pouco mais de 20%, juntando com as perdas do ano passado, pelas secas — justifica a associação. 

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