Preço da passagem de ônibus pode ser definido nas próximas 24 horas

Palavra final é do prefeito, que não descarta manter a tarifa atual; Comutran sugeriu reajuste de R$ 4,15 para R$ 6,09

 

 

Bruno Bueno

Qual será o preço da passagem de ônibus em Divinópolis para o próximo ano? Essa pergunta, especulada pelos divinopolitanos desde semana passada, pode ser respondida a qualquer momento. 

Segundo informações obtidas com exclusividade pelo Agora, o prefeito Gleidson Azevedo (PSC) pode definir o valor da passagem hoje ou, no mais tardar, amanhã. O próprio prefeito também disse à reportagem que não descarta manter o valor atual de R$ 4,15 para o próximo ano.

 

R$ 6,09

O valor estipulado pelo Conselho Municipal de Trânsito (Comutran) em reunião realizada com membros da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Segurança Pública (Settrans) na última quinta-feira, 16, foi de R$ 6,09. O prefeito, no entanto, adiantou que não vai aceitar de forma alguma o valor.

— A população está ansiosa para saber se a passagem vai para R$ 6,09. Isso aqui é um estudo. Para mim está errado. (...) Ônibus, com essa péssima qualidade de serviço, com as pessoas "amontoadas", pagar R$ 6,09? Entra na Justiça. Sonha que você vai ter R$ 6,09. (...) Esquece que isso não vai acontecer em Divinópolis — disse o prefeito em publicação nas redes sociais.

O novo valor foi aprovado por oito membros do Comutran. Três representantes votaram contra. No encontro, o reajuste das tarifas de táxi também foi deliberado, porém, não divulgado. 

 

Decisão

Mesmo com a orientação do Comutran, quem decide o valor da passagem em Divinópolis é o prefeito. O Conselho, por sua vez, tem competência apenas para analisar a planilha de custos das tarifas de transporte coletivo e individual de passageiros e aconselhar o prefeito sobre a fixação do valor das tarifas mediante apresentação de parecer fundamentado. 

O estudo tarifário analisa todos os índices que afetam diretamente no custo final da tarifa, como: preços dos insumos, dados do sistema como quilometragem, quantidade de passageiros, projeção de reajuste salarial dos condutores de ônibus etc.

 

Último reajuste

O mais recente reajuste da tarifa do transporte coletivo aconteceu em 3 de fevereiro de 2020. Anteriormente, a mudança havia acontecido em janeiro de 2018. O valor proposto pelo Comutran no ano passado foi de R$ 4,22, mas, após negociação, a tarifa passou a ser de R$ 4,05 no dinheiro e R$ 3,65 no cartão, valores aplicados até hoje.

O presidente do Consórcio TransOeste, responsável pela administração do transporte coletivo em Divinópolis, Felipe Carvalho, destaca que as constantes altas no preço dos combustíveis agravaram a crise no transporte público iniciada pela pandemia.

 

Repercussão

Desde o anúncio do valor proposto pelo Comutran, a repercussão negativa foi imediata. O internauta Lucas Antônio destacou que a capital mineira tem tarifa mais barata do que foi proposto em  Divinópolis, além de um serviço, na sua opinião, melhor.

— A passagem em Belo Horizonte é 4,50. Lá, os ônibus rodam cinco vezes mais do que em Divinópolis. Esse valor é loucura — disse.

 

O próprio prefeito Gleidson Azevedo voltou a se pronunciar sobre o assunto e reforçou que o valor de R$ 6,09 está descartado.

— Mas é NUNCA que vão aumentar a passaginha para este valor! A população pode ficar tranquila que jamais vou aceitar isso  — enfatizou.

 

Preço psicológico?

O bacharel em direito e pós-graduando em gestão pública André Ferreira opinou em um veículo de comunicação da cidade que considera o valor estipulado de R$ 6,09 um preço psicológico, isto é, uma estratégia  de marketing que utiliza técnicas para influenciar os consumidores a respeito dos preços das mercadorias. Segundo ele, isso está sendo feito para amenizar um reajuste que será menor, mas acontecerá.

— Ou seja, colocaram um valor para reajuste da tarifa muito alto (R$ 6,09) para que o prefeito tivesse uma margem maior para negociar de forma que ele seja visto como herói, como alguém que salvou a população de uma tarifa abusiva, sendo que no final das contas o reajuste acontecerá (ainda que em uma proporção menor) — argumenta no artigo. 

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