Pré-candidatos às eleições têm velhos conhecidos e caras novas

Com vereadores, Divinópolis pode ter 16 concorrentes a vagas na Assembleia e Câmara Federal; especialista diz que polarização prejudica o município

 

 

 

Bruno Bueno

Divinópolis pode ter, nas eleições de 2022, um recorde de candidatos. Até agora, 16 nomes  disseram estar dispostos a entrar no pleito. O Agora publicou em primeira mão, na edição de ontem, que seis vereadores da atual legislatura afirmaram que iriam disputar os cargos. Hoje, traz um levantamento realizado na tarde de ontem, com outros dez possíveis postulantes, cinco a deputado estadual e cinco a federal.

A quantidade expressiva preocupa especialistas da área política. A polarização pode, segundo os profissionais, impedir a eleição de alguns concorrentes que realmente têm chance de se eleger.

 

Estadual

A pesquisa da reportagem mostra que, além dos quatro vereadores - Lohanna França e Edsom Sousa (ambos sem partido), Josafá Anderson (CDN) e Eduardo Azevedo (PSC) -  que devem concorrer ao cargo de deputado estadual, outros cinco representantes de Divinópolis mostram a intenção de disputar o cargo.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis (Sintram), Luciana Santos (PT), é uma delas. A representante, que ganhou notoriedade nos últimos anos com sua luta sindical, tenta seu primeiro mandato político. Valéria Morato (PC do B), presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro), também revela que estará na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O ex-vereador Delano Santiago é mais um da lista. Com exclusividade ao Agora, o médico confirmou sua filiação ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) e disse que é pré-candidato a deputado estadual. Flávia Gontijo (SD),  mulher transgênero e assistente social, também diz que entrará no páreo. Ela foi candidata a vereadora em Divinópolis nas últimas eleições e afirma que a política precisa ser composta por “representantes de todos os grupos sociais''.

Fechando a lista, Thay Araújo (PT), professora e ativista, também pleiteará uma vaga na Assembleia. Ela foi candidata a vereadora nas últimas eleições e recebeu cerca de 990 votos. No entanto, deve trocar de partido, visto que Luciana Santos pertence à mesma sigla. 

 

Federal

Dos pré-candidatos a deputado federal em Divinópolis,  boa parte são velhos conhecidos da população que acompanha a política. O único que tenta a reeleição é Domingos Sávio (PSDB), que pretende chegar ao seu terceiro mandato consecutivo na Câmara Federal, visto que antes passou pela ALMG. Em nota enviada ao Agora, o deputado disse que poderá deixar o seu atual partido nestas eleições.

— Não é uma decisão fácil, pois estou no PSDB desde sua fundação e sempre procurei dar o melhor de mim em benefício da comunidade valorizando e fortalecendo esse partido. (...) Por ser uma decisão que tem impactos que vão além de minha vida pessoal estou avaliando bem e ainda não me decidi — disse.

Jaime Martins (DEM), que já foi deputado federal por seis mandatos consecutivos, tenta voltar ao Congresso Nacional. Com vasta experiência política, o filho do ex-prefeito de Divinópolis Jaimão, também confirma sua intenção em se candidatar. Sargento Elton (Patriota) divulgou sua pré-candidatura em um programa de rádio na manhã de ontem. O ex-vereador aposta em pautas conservadoras para tentar se eleger a deputado federal.

A lista se encerra com dois nomes que disputaram a última eleição para a Prefeitura de Divinópolis. Fabiano Tolentino (PSC), segundo colocado na disputa para o cargo de prefeito, tenta pela primeira vez se eleger à Câmara Federal. O político foi, até 2020, o vereador mais votado da história de Divinópolis. Ele também tem passagem pela ALMG. Laiz Soares (SD), terceira colocada na disputa pela Prefeitura em 2020, é mais uma cara conhecida da população que tentará conquistar um cargo em Brasília. Apostando em novas ideias, ela já foi assessora de Tábata Amaral (PSB), atual deputada na Câmara. Além disso, tem amigos em São Paulo, onde morou, e na capital federal, pelo mesmo motivo.

 

Prejuízo

A expressiva quantidade de pré-candidatos preocupa quem entende do assunto. Italo Soares, especialista em gestão pública e política, alerta que a polarização pode impedir a eleição de candidatos que realmente têm chance de se eleger.

— Embora Divinópolis seja um dos maiores colégios eleitorais de Minas, a cidade pode estar ameaçada de ter uma baixa representatividade no Congresso e na Assembleia, acaba dividindo o eleitorado e impede que nomes que tenham visibilidade sejam eleitos — afirmou.

Ele também aponta os motivos pelos quais alguns políticos disputam a eleição mesmo sabendo que não têm chance de vitória.

— Outros acabam se candidatando apenas para esquentar nome para as próximas eleições, sejam municipais ou nacionais. Essa estratégia que alguns usam beneficia apenas eles próprios. Enquanto isso, a população é prejudicada — disse.

 

Prazos

O fim desta semana marca o vencimento de prazos importantes do Calendário Eleitoral de 2022. A janela partidária, em que atuais políticos podem trocar de partido para concorrer sem perder o mandato, termina amanhã.

No sábado, 2, é o prazo máximo para futuros candidatos que trabalham em cargos públicos saírem de seus trabalhos. É, também, a data limite para que todos os eventuais candidatos estejam com a filiação aprovada pelo partido político pelo qual pretendem concorrer.

O prazo para registro das legendas que pretendem lançar candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também vence no sábado. O dia 2 ainda é a data limite para que eventuais candidatos confirmem o domicílio eleitoral no local em que desejam disputar as eleições.

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