Políticos locais repercutem pedido do  STF à Zema sobre vacinação em escolas

Lohanna: ‘governador passou vergonha’; Cleitinho: ‘ele não quer proibir’

 

 

Bruno Bueno 

Políticos locais repercutiram o pedido feito pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre Moraes, para que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), explique uma declaração em que defende a não obrigatoriedade da vacinação infantil nas escolas mineiras.

Em vídeo publicado no último dia 8, Zema diz que tornaria opcional a imunização a alunos da rede pública do estado. O prazo para o governador se explicar vence hoje.

— Aqui em Minas, todo aluno independente[mente] ou não de ter sido vacinado, terá acesso às escolas —  declarou o governador.

Cleitinho

O senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) também participou do vídeo em questão. Na ocasião, Zema não especificou de qual vacina estava falando. O parlamentar esclareceu.

— Que fique claro que o governador estava falando da vacina da covid-19. (...) Em nenhum momento ele quis proibir a vacina aqui dentro de Minas Gerais. A única coisa que ele diz, se alguma criança ainda não tivesse sido vacinado pela vacina do covid-19, ela não ficaria sem a matrícula escolar — esclareceu.

Cleitinho aproveitou para cobrar o STF. 

— Estou encaminhando para o STF notificar o governo federal e o Ministério da Saúde para que tenha vacina em todos os municípios do Brasil. “Pau que dá em Chico” também tem que dar em Francisco — comentou.

Lohanna

Representante de Divinópolis na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Lohanna França (PV) criticou o pronunciamento de Zema.

— Eles não falam da vacina da covid, eles falam de vacina. (...) Sendo assim, eles estão prejudicando a vacinação de rubéola, do sarampo, de poliomielite e todas as doenças que a gente já tinha superado e que estão voltando. Quem quer a segurança e quem de fato defende as crianças, defende a vacinação — comenta.

Uma audiência pública foi realizada na tarde de ontem para debater o assunto. 

—  O governador de Minas passou vergonha. A gente não tem condição de fazer uma sanção para um deputado federal ou para um senador da República. Acho que o caminho não é por aí, até porque eles têm imunidade parlamentar. O que a gente tem que defender é que esse decreto que libera a obrigatoriedade de vacinação seja revogado — acrescentou a deputada.

Eduardo 

Outro representante de Divinópolis na ALMG, Eduardo Azevedo (PL) disse que um pedido de explicações “não significa nada”. 

— O STF ainda não decidiu sobre o caso. De todo modo, vale o registro de que a medida de Zema é muito elogiável. O direito à educação não pode ser impedido a nenhuma criança ou adolescente, seja por questão de vacina, seja por qualquer outra eventual condicionante — salienta.

Eduardo ainda opinou que Zema não está descumprindo medidas legais.

— É bom lembrar que o governador não está proibindo a vacinação da covid nem desestimulando, está simplesmente garantindo que isso não se torne uma barreira para que alguém tenha acesso à escola — pontua.

Em Divinópolis….

Eduardo publicou um vídeo na última semana com a secretária municipal de Educação, Andréia Dimas. Eles garantiram que nenhum aluno será proibido de frequentar escolas de Divinópolis se não estiver vacinado. Os representantes não especificaram qual imunizante. 

— Se quer vacinar, tranquilo, vacine. Mas se o pai não se sente seguro a não vacinar, nós temos que defender sempre o que? A liberdade e o acesso à educação. Parabéns, Andréia, por ser essa defensora da liberdade e uma grande defensora da educação de Divinópolis que tem feito a diferença — afirmou.

Andréia postou outro vídeo para reforçar a ideia. 

— (...) Precisamos conscientizar as nossas famílias, dizer da importância, valorizar a ciência, mas nós não podemos impedir o aluno de ter acesso à educação caso ele esteja com um cartão de vacina incompleto — explica. 

Conselho

O Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Divinópolis repudiou em nota a fala dos representantes políticos.

— Recentemente, fomos surpreendidos com vídeo de políticos com a prática de uma politização errônea e equivocados sobre o uso de vacinas, o que prejudica consideravelmente um trabalho de extrema importância na saúde pública — comentou.

O CMS reforçou a importância da imunização em crianças.

— A vacinação não protege somente quem é vacinado, mas também pessoas que não desenvolvem imunidade. Quanto mais pessoas protegidas, menor é a chance de uma doença imunoprevenível se espalhar — concluiu.

Em Santa Catarina….

O ministro do STF, Cristiano Zanin, suspendeu ontem diversos decretos municipais de cidades de Santa Catarina que afastaram a necessidade de comprovantes de vacinação, incluindo contra a covid-19, para matrícula de crianças nas redes de ensino locais.

O ministro determinou ainda que os gestores públicos não editem novos atos que atrapalhem a execução do Programa Nacional de Imunização (PNI).

Foram suspensos decretos de 19 cidades: Balneário Camboriú, Blumenau, Brusque, Criciúma, Formosa do Sul, Içara, Ituporanga, Jaguaruma, Joinville, Modelo, Presidente Getúlio, Rancho Queimado, Rio do Sul, Santa Terezinha do Progresso, Santo Amaro da Imperatriz, São Pedro de Alcântara, Saudades, Sombrio e Taió.

 

 

 

 




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