Pessoas 39 anos ou menos não precisam tomar quarta dose

Secretário de Estado de Saúde comenta estabilidade do cenário, apesar de baixa cobertura vacinal nas doses de reforço e contra outras doenças

 

Matheus Augusto

Enquanto a pandemia da covid-19 se mantém estável, nos bastidores as autoridades em Saúde discutem a possibilidade de tornar a vacina anual. Em coletiva na manhã de ontem, o secretário de Estado de Saúde (SES-MG), Fábio Baccheretti, comentou o tema. O intuito é fortalecer a imunização entre janeiro e fevereiro do próximo ano, se prevenindo do aumento de casos previsto para março, quando o clima oferecer condições favoráveis à disseminação de doenças respiratórias. 

Minas está atualmente com 88% de cobertura da primeira dose para o público-alvo e 83% na segunda dose e dose única. Já nas doses de reforço, a cobertura é de 63% na primeira aplicação e 41% da segunda. Em relação ao público infantil, de cinco a nove anos, a primeira dose está em 62% de cobertura e 44% na segunda dose, informou a SES-MG.

O chefe da pasta também falou sobre a 4ª dose para pessoas com 39 anos ou menos, os índices abaixo do ideal na cobertura vacinal de poliomielite e meningite e outros assuntos. 

Covid

Sobre a covid-19, o secretário destacou que o cenário é estável. 

— Hoje, nossos índices de casos e óbitos estão iguais aos de março de 2020, quando começou a pandemia — revelou. 

A preocupação, novamente, volta a ser o impulso à vacinação, especialmente das doses de reforço. 

— Algumas pessoas não entendem o ciclo vacinal completo — lamenta. 

Para quem tem 40 anos ou mais, é preciso tomar duas doses de reforço, respeitando o intervalo. 

— Não podemos deixar isso de lado — orienta. 

Questionado sobre a possibilidade de nova dose de reforço (a 4ª do ciclo) para pessoas abaixo de 39 anos, o secretário contou que o tema está em discussão junto ao governo federal. No entanto, ainda não há evidências científicas da medida ser necessária para esse público. 

— O atual ciclo já é suficiente. Se mudar esse entendimento, vamos incluir esse grupo. (...) A resposta imunológica de quem é mais jovem com 3 doses não se perde rapidamente — argumenta.

Outra discussão em andamento é a inclusão da imunização contra covid no Calendário Nacional de Vacinação. Uma decisão, também amparada em conversas com o Ministério da Saúde, deve ser anunciada até o fim do ano, antecipou Baccheretti.

Devido ao seu caráter sazonal, é esperado um aumento de casos em março, com o clima mais ameno e favorável à disseminação de doenças respiratórias. O secretário estadual defende, então, a aplicação das vacinas entre janeiro e fevereiro do próximo ano. 

— Hoje, o risco de pegar covid é muito baixo, mas na Europa e nos Estados Unidos está aumentando por causa do outono e inverno. (...) A doença não vai ser como foi, o risco de hospitais superlotados não vai acontecer, pois estamos vacinados. Agora, o risco é pequeno, mas daqui a pouco o vírus começa a circular mais — explicou.

Caso o órgão federal não tome uma decisão, o governo estadual pode, inclusive, se antecipar e agir de forma independente. 

— Podemos liberar [a vacinação] por conta própria, a depender da disponibilidade do número de doses — destacou.

Novos grupos

O primeiro anúncio do secretário, com efeito a partir de 3 de novembro, é a inclusão de pessoas entre 16 e 39 anos, trabalhadores da saúde, do ensino superior ou técnico e universitários no público-alvo de vacinação de dose única contra a meningite. Esses grupos, justificou o secretário, são considerados mais desprotegidos, pois, nos últimos 12 anos, não foram imunizados contra a doença e trabalham ou estudam em ambientes que favorecem a aglomeração. 

— Esse grupo é que não foi vacinado no passado, protegendo ainda mais a população. (...) Estamos garantindo que um público grande não se adoeça nem transmita. (...) vamos quebrar essa transmissão — explicou Baccheretti. 

Anteriormente, a vacina era disponibilizada apenas para crianças de 3 meses (1ª dose), 5 meses (2ª) e um ano (reforço), e dose única para crianças de 11 a 12 anos. 

— É uma doença prevenível e desde 2017 vemos não bater a meta de 95% — alertou. 

Conforme o secretário, apesar da preocupação em aumentar a cobertura vacinal, não há surto de meningite no estado, mas os casos existentes poderiam estar “ausentes em internações”.

As vacinas já estão a caminho das Regionais de Saúde para distribuição aos municípios. A campanha será permanente nos postos de saúde, como possibilidade de ações itinerantes e mutirões como estratégias para incentivar a imunização. 

De acordo com os dados da pasta, 50 mortes foram registradas por meningite ano passado. Neste ano, quase o dobro, com 92 vítimas fatais. No entanto, ressalta o secretário, a pandemia contribuiu para que, em 2021, as pessoas ainda seguissem mais rigorosamente as medidas de prevenção, em especial o isolamento. A consequência foi a redução de casos e óbitos de doenças infecciosas, como a meningite. 

 Atualmente, a cobertura vacinal no estado está em 76%. A meta é 95%.

Polio

Outra campanha prorrogada até o fim deste mês, conforme anunciado anteriormente, foi contra a poliomielite, também devido aos indicadores abaixo do ideal - 81% de cobertura, meta também de 95%. Segundo o secretário, a vacinação tem avançado e algumas regiões já alcançaram ou estão próximas do desejado, no entanto ainda há localidades, por exemplo nordeste e metropolitana de Minas, onde há resistência.

Importância

O chefe da pasta voltou a incentivar pais e responsáveis a levarem seus filhos para colocar a caderneta de vacinação em dia. Ele também comentou sobre a luta contra o negacionismo e as informações falsas. 

— Estamos conseguindo aumentar diante de anos anteriores. (...) A vacinação não foi criada de um dia para outro. 

Baccheretti citou, por exemplo, a realidade vivida por gerações passadas, em que doenças preveníveis contaminavam famílias inteiras

— A vacinação é a melhor forma de prevenir doenças infecciosas. (...) a vacinação é o caminho e a boa informação é fundamental — frisou.

Varíola

Com a confirmação da morte em Divinópolis, o estado chegou a quatro pela varíola dos macacos. O perfil das vítimas, analisa o secretário, é similar, especialmente em relação ao fato de serem imunossuprimidos, grupo de maior vulnerabilidade.

— É uma doença com letalidade baixa, nossa preocupação está no grupo de imunossuprimidos — informou.

Possíveis vacinas contra a doença ainda estão em fase de testes e, se liberadas, devem ser restritas, ao menos no primeiro momento, a imunocomprometidos e trabalhadores em saúde que lidam com a coleta das amostras e no tratamento dos pacientes contaminados. Enquanto isso, não há expectativa da adoção de medidas de prevenção similares à covid-19, uma vez que a varíola é transmitida através do contato e não da respiração. 

— Uso de máscara não teria efeito tão grande. (...) As medidas mais eficazes são o diagnóstico precoce e o isolamento. (...) Fazemos o isolamento do caso suspeito e o acompanhamento dos contatos próximos, pois a transmissão é mais lenta [do que o coronavírus] — detalha.



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