Permanência de Elis Regina no São João de Deus ainda é incerta

Diretora do hospital se ausenta por dez dias após pedido de demissão; apoiadores clamam por continuidade do trabalho

Bruno Bueno

A possível saída da diretora do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), Elis Regina, do comando do hospital ganhou um novo capítulo. Após a superintendente pedir demissão na última sexta-feira, apoiadores criaram a campanha #FicaElis para pedir sua permanência. 

Em um dos atos, diversos apoiadores compareceram, na manhã de ontem, ao hospital São João de Deus em demonstração de apoio. Com faixas e cartazes, os manifestantes clamaram pela continuidade do trabalho de Elis Regina. 

No entanto, segundo informações obtidas com exclusividade pelo Agora, a diretora ainda não decidiu seu futuro. Em reunião ocorrida na manhã de ontem com as diretorias clínica e técnica da instituição, ela informou que deve ficar ausente dos trabalhos por dez dias para descansar e realizar acompanhamento psicológico. Depois desse período, a decisão deve ser tomada.

 

São João de Deus

A assessoria de comunicação do CSSJD confirmou a informação. Segundo nota divulgada, Elis Regina apresentou a situação para os médicos Túlio Valente e Eliseu Albertin, diretores clínico e técnico do hospital.

— Face às manifestações de apoio à senhora Elis Regina Guimarães, (...) após reunião com o diretor Clínico e Técnico da Fundação Geraldo Corrêa, representada pelos médicos Túlio Valente e Eliseu Albertin e representantes do Corpo Clínico e médicos do CSSJD, informamos que antes de tornar a termo o seu desligamento da instituição, Elis Regina se ausentará do Complexo por dez dias, em férias — informou.

A nota também diz que os diretores torcem pela permanência da diretora.

— Por fim, esperamos que retorne bem de suas férias e que tenha boas notícias para todos, permanecendo à frente de nossa instituição.  O Complexo de Saúde São João de Deus agradece a solidariedade de todos e esperamos em breve trazer notícias positivas a respeito deste assunto — ressaltou.

 

Saída

O pedido de demissão ocorre em meio a uma polêmica envolvendo a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e o hospital. Em prestação de contas na Câmara ocorrida no último dia 15, a pasta do Executivo mostrou documentos que supostamente apresentam divergências em cobranças de procedimentos médicos realizados pelo CSSJD. Um procedimento com custo de R$ 5.478, por exemplo, após avaliação da Inteligência, custaria, segundo a Semusa, R$ 599.

O vereador Israel da Farmácia (PDT) chegou a dizer que a situação se assemelhava a um esquema de superfaturamento. O secretário municipal de Saúde, Alan Rodrigo, negou a afirmação. Israel também disse que a situação era um crime que deveria ser investigado pela Polícia.

 

Não convenceu

O corpo clínico do hospital realizou, poucos dias depois, uma reunião com os vereadores para esclarecer a situação. No entanto, os esclarecimentos não parecem ter convencido boa parte dos parlamentares. A diretoria da instituição recebeu duras críticas pela condução dos trabalhos.  

Roger Viegas (Republicanos) disse que a reunião organizada pelo hospital foi com o intuito de realizar uma "cortina de fumaça". Eduardo Azevedo (PSC) afirmou que, na sua opinião, o encontro foi um circo. Rodyson do Zé Milton (PV) ressaltou que se sentiu ofendido com a reunião e relatou não ter sido convencido com as explicações. Ney Burguer (PSB) disse que toda a situação criada não passou de politicagem.

No entanto, na mesma oportunidade, dois vereadores defenderam o hospital.  Hilton de Aguiar (MDB) fez duras críticas ao secretário Alan Rodrigo e afirmou que Elis Regina era perseguida e “queriam o cargo dela”. Já Flávio Marra (Republicanos) encerrou sua fala com um “volta Amarildo”.

 

Gleidson

O Agora entrou em contato com o prefeito Gleidson Azevedo (PSC) para saber a opinião do político sobre a possível saída de Elis Regina. À reportagem, o chefe do Executivo informou que ainda não falou com a superintendente.

— Eu ainda não conversei com ela. Minha opinião é simples e direta: quem não deve, não teme. Nem eu, prefeito, muito menos a Prefeitura vai intervir nesta situação — disse.

 

Print

O presidente da Câmara, Eduardo Print Júnior (PSDB), também se pronunciou. Ele salientou que a diretora realizou uma grande melhoria no hospital e que Divinópolis perderia muito com uma eventual saída.

— É notável a melhoria que o HSJD teve na gestão da Elis, que vem sendo elogiada como há muitas gestões não víamos. O Hospital esteve à beira da falência há dez anos. Parece muito tempo, mas não é. O processo de recuperação de uma instituição tão grandiosa demanda tempo, e a Elis tem uma participação muito grande neste trabalho. Caso confirme a sua saída, eu, Eduardo Print Júnior, considero uma perda muito grande para a cidade. Lamento muito se isso vier a acontece — falou.

Print, no entanto, não acredita que as colocações e críticas feitas pelos vereadores foram o motivo do pedido de demissão da diretora. Para o vereador, ela está acostumada a trabalhar com pressão por resultados.

— Acredito que as pontuações feitas por alguns vereadores foram no intuito de cobrar explicações e soluções, que é o desejo da população sobre as polêmicas que envolveram o nome do hospital nos últimos meses. E é um direito de todos os divinopolitanos. Não colocaria essa cobrança como fator primordial para um eventual pedido de demissão da Elis, que é acostumada a trabalhar sob pressão por resultados — afirmou.

 

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