PCMG indicia idoso por homicídio em acidente na avenida Autorama

Ocorrência registrada em agosto matou jovem de 20 anos; mãe pede Justiça

 

 

Bruno Bueno

 

Um idoso de 83 anos foi indiciado na última semana por homicídio culposo — quando não há intenção de matar — em um acidente registrado no bairro Santa Luzia. Um jovem de 20 anos morreu na colisão que envolveu uma caminhonete e uma mobilete na avenida Autorama, em Divinópolis. 

 

O acidente aconteceu na manhã do dia 6 de agosto.

 

Relembre

 

Os caminhos de Geraldo Gustavo de Oliveira, de 83 anos, e Yan Lucas Coimbra Amaral, 20, se cruzaram por volta das 6h. O idoso conduzia uma caminhonete Ford 2000 na avenida Autorama, sentido BR-494. O jovem pilotava uma mobilete. Ao tentar fazer uma conversão para a esquerda, sentido rua Nossa Senhora Aparecida, Geraldo colidiu com Yan, que seguia sentido Centro. 

O jovem foi arrastado por alguns metros. De acordo com testemunhas, Geraldo não percebeu que havia atingido o rapaz, até ser avisado por quem passava pelo local. O jovem de 20 anos, que não tinha habilitação, teve politraumatismo e chegou a ser encaminhado para o hospital, porém não resistiu.

Geraldo estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida desde novembro de 2020. Ele foi encaminhado a Delegacia e, posteriormente, liberado.

 

Decisão

 

A decisão foi assinada pelo delegado Anderson Vicente de Sousa no último dia 31 de outubro. O indiciamento foi encaminhado para a Comarca de Divinópolis. Até o momento, o idoso ainda não foi preso, pois a Justiça ainda não deu seu parecer.

— Ante o exposto, indicio idoso pela prática de homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302, do Código de Trânsito Brasileiro), sendo vítima Yan Lucas Coimbra Amaral —  disse.

O crime prevê dois a quatro anos de prisão, além da suspensão ou proibição obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

— No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação — consta o CTB. 

 

Causa

 

O inquérito tem mais de 100 páginas e aponta todos os detalhes sobre o acidente de trânsito. Para o delegado, não há dúvidas sobre a causa da ocorrência.

— A causa determinante do acidente foi a realização da manobra de conversão à esquerda por parte do condutor do veículo Ford F 2000 sem que este se atentasse para o fluxo de veículos que se desenvolvia à sua frente, levando tal conduta à colisão contra o veículo motoneta que trafegava em sentido oposto, em regular trajetória — alega.

Ainda segundo a PCMG, os depoimentos colhidos estão no mesmo sentido da conclusão do perito. Logo, não há dúvida sobre a dinâmica dos fatos.

— Assim, conclui-se que houve quebra do dever objetivo de cuidado por parte do condutor. Portanto, presentes estão os elementos do tipo culposo: conduta voluntária; resultado involuntário; nexo causal entre eles; tipicidade; previsibilidade, já que qualquer pessoa com prudência mediana poderia prever que da conduta poderia resultado um acidente de trânsito e, por fim, quebra de dever objetivo de cuidado — finaliza.

 

Inquérito

 

O Agora teve acesso com exclusividade ao inquérito do caso. Policiais, comerciantes e moradores do bairro ajudaram na investigação com seus depoimentos. As falas ajudam a explicar a dinâmica do ocorrido. Uma das testemunhas disse que o trânsito estava tranquilo no momento.

A causa da morte, segundo a perícia, foi politraumatismo causado em decorrência do acidente. O órgão ainda afirmou que não há sinais de frenagem ou arrastamento pneumático, o que indica a ausência de reação por parte dos envolvidos. A perícia também não encontrou indícios de falha mecânica nos sistemas de freio dos veículos. 

 

Mãe 

 

A reportagem conversou com Patrícia Alves Coimbra, mãe da vítima. Ela relatou ainda sofrer com as consequências da morte de seu filho.

— Meu mundo desabou. Eu não consigo mais viver. Não sei dormir, não sei comer. Estou passando trabalho com dois meninos pequenos. Ele era nossa estrutura. Sem ele, nós desmoronamos — afirma.

Emocionada, a mãe também pede mais “humanidade” à família do condutor. Segundo ela, os parentes negam a existência do crime desde o princípio. 

— Vivam a dor que eu estou passando. Trataram meu filho como se fosse cachorro. (...) Não deram uma coroa de flores, não perguntaram se eu precisava de terapia. Por isso, eu quero justiça — acrescenta.

 

 

 

 

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