Para ilustrar

Preto no Branco

Pratique a honestidade quando ninguém estiver vendo. Fale a verdade, não há nada melhor do que isso. Não complique o que já foi inventado, explicado e esclarecido. Uso este pequeno trecho do artigo da nossa articulista, professora/empresária, Leila Rodrigues, impecável como sempre – disponível na edição do Agora desta terça-feira, 15, para ilustrar a polêmica envolvendo a boate Mandalla e seus convidados, na comemoração do Dia dos Namorados no último fim de semana. Não se fala em outro assunto na cidade desde terça-feira, quando as fotos dos participantes foram expostas nas redes sociais. Já seria motivo para burburinho se não tivessem a presença de agentes públicos da cidade ‒ o presidente da Câmara, Eduardo Print Jr. (PSDB), e o deputado estadual Cleitinho Azevedo (CDN). Não resta dúvida que seria comentado e criticado, e com toda razão. Afinal, estava tudo errado: aglomeração sem proteção, poses e mais poses com rostos colados ou abraçados, em um momento em que os números da pandemia na cidade voltam a preocupar. E, mesmo que os números estivessem controlados, as normas atuais proíbem ‒ ainda por cima, descumpridas pelos responsáveis também por criá-las. Por mais que os dois rechacem as acusações de descumprimento, as fotos por si só e fazem cair por terra qualquer justificativa. 

Confusão 

Como “desgraça” para uns é pouco, bastou o prefeito Gleidson Azevedo (PSC) testar positivo para covid-19 para muitos usarem as mesmas fotos e o fato em grupos de WhatsApp para linkar uma coisa à outra ‒ chegando a sugerir que o chefe do Executivo teria se contaminado na boate, simplesmente pelo fato de tê-lo confundido com o irmão, deputado. Outros, talvez, por maldade mesmo no jogo sujo da política, mesmo sabendo que Gleidson é avesso a este tipo de evento. Incrível como no Brasil as pessoas ainda não aprenderam a fazer uma oposição sadia e continuam apelando para a baixaria. Isso é visível todos os dias em todos os níveis da federação. É desse jeito que buscam práticas e políticos honestos? Aí fica difícil. 

Injustiçados 

Não é novidade que Divinópolis aderiu ao Minas Consciente do Governo do Estado, o que a obriga a cumprir o que é determinado pelo plano. E, nesta fase de onda vermelha, o rigor é maior. A flexibilização no horário de fechamento para bares e restaurantes nos três dias do fim de semana não significava o “pode tudo”. Era apenas até as 22h, no entanto, infelizmente, não só a boate que descumpriu, mas a maioria. Choveram ligações não só para a Vigilância Sanitária, o Agora, por meio desta coluna e de sua direção, recebeu informações de diversas irregularidades no sábado, até o início da madrugada, inclusive de proprietários que haviam respeitado a norma e se sentiam injustiçados. Como neste país “o errado é certo”, eles não deixam de ter razão. Afinal, “pau que bate em Chico, tem que bater em Francisco”. No entanto, em terra sem lei, não se costuma bater com nada, muito menos com pau.

Aberta 

Em nota, a Mandalla ‒ da qual aparecem como proprietários Gilson Dias e Gustavo Poeys ‒ afirma estar aberta para que as pessoas visitem e questionem protocolos. Afirmam  não terem descumprido nenhuma ordem de distanciamento e higienização e que estão cientes que, se houver desobediência, a casa é interditada e multada, e que isso não é o interesse deles. Sem dúvida, nenhum proprietário quer isso em uma crise econômica dessa. E, para não ser injusto, este PB ressalta que a Vigilância Sanitária esteve na boate e nada encontrou de irregular. Isso consta no laudo emitido e nas fotos tiradas também pela Vigilância. No entanto, é possível constatar a diferença nos horários da fiscalização e das fotos e vídeos que circulam na cidade. Assim como os políticos presentes, vai ser difícil os proprietários convencerem quem quer que seja do contrário. Mais um exemplo de que a verdade precisa ser dita acima de tudo e, mais cedo ou mais tarde, ela aparece. 

 

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