Para a oposição

Para a oposição 

O ditado popular deste título apenas resume a lei da ação e reação. Quem hoje fere alguém, amanhã, sem sombra de dúvidas, será ferido. E, como a Terra não é plana, é bem redonda e gira, uma das poucas certezas que se pode ter na vida, além da morte, é que quem atira pedras, um dia vira vidraça. 

É fácil de exemplificar a frase com a política local. Geralmente, quem está no Poder Legislativo tem o hábito de apedrejar quem está no Poder Executivo – presidência, governos estaduais e prefeituras. Discurso bonito, pronunciamentos, reclamações, denúncias, críticas etc. Quando se é da oposição, então, nem se fala, muitas vezes até mesmo o bom senso é perdido. Vale absolutamente tudo: gravar escondido ligações, fazer acusações, gritar nas falas, chorar… A posição é mais do que confortável e favorável. Apontar o dedo, julgar, é uma das melhores condições em que o ser humano fica quando ele está no poder, nem se fale. O que não faltam são pedradas. A questão é: e quando o representante do Legislativo resolve ir para o Poder Executivo e vira vidraça? Nessa transição, a situação muda completamente de figura. É justamente nesse ponto que quem feriu – e muito – começa a ser ferido. Afinal, ser pedra é fácil – pode-se dizer que é até mesmo prazeroso – mas ser vidraça é totalmente diferente. Ter a caneta na mão, ter o poder com uma única assinatura, mostrar quem manda, quem pode, mudar o destino de milhares de pessoas é mais tentador do que parece e prazeroso também. E, chegar a esse lugar, definitivamente não é fácil, mas mais difícil do que isso é ser a diferença, é de fato conseguir mudar a realidade dessas mesmas milhares de pessoas que a cada dois anos mudam o destino dos milhares de políticos que o Brasil tem por aí afora. 

Manter a postura, o discurso fiel aos seus propósitos, não se deixar ser levado pelo ego, pela vaidade, que são os males desta década, é o grande desafio quando se está na posição de vidraça. É fato que não há registro nesta Terra de um político que tenha conseguido tal feito. Mas também é fato que muitos que feriram hoje são feridos e experimentam o próprio veneno. Quem antes gritava, esbravejava, hoje grava vídeo com a fala mansa, falando baixo. Os gritos ficaram para a oposição, para quem é mais “interessante” ferir. E isso tudo é prova de que, se na política o “pau que bate em Chico não bate em Francisco”, na vida, “quem fere com ferro fere, com ferro será ferido”. É só esperar as voltas que a Terra dá, para que a caneta que nomeou seja a mesma que exonera.

 

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