PALHAÇO DESEMPREGADO

 

(A palavra “palhaço” vem do italiano paglia, que significa “palha”, em referência aos enchimentos que eles usavam em suas roupas para torná-los mais engraçados)

Bozo, o palhaço, cheio de suas palhas, foi despedido. São novos tempos e o circo e a plateia encheram-se dos seus enchimentos e de suas piadas. 

O público agora quer algo diferente, um espetáculo menos idiota, menos ridículo e agora, depois de trinta anos de palhaçadas, o palhaço vai ter que procurar uma nova ocupação, coisa que o preocupa muito, pois ele só sabe fazer as mesmas coisas e as mesmas palhaçadas. 

É claro que o circo jamais vai se esquecer delas, foram muitas. 

Afinal, algumas marcaram época, como aquela piada “o trabalho infantil não prejudica em nada”. Ora, a plateia se desmanchou em risos na época, já que os filhos do próprio palhaço nunca trabalharam.

Outra piada de grande sucesso foi quando o palhaço disse que “ninguém passa fome no Brasil”. Foi muito engraçado, pois a plateia se lembrou-se dele com a boca cheia de pão-com-leite -moça

Essa piada foi de sucesso marcante, pois veio acompanhada de outra: “Vou beneficiar filhos meu sim”. Foi um clássico do circo, inclusive ganhou o prêmio “Acabou a Mamata”.

Outra piada inigualável, muito premiada, foi: “No meu governo não tem corrupção!”

Essa piada, até hoje, faz um estrondoso sucesso e só é comparável àquela apresentada como solução para o meio ambiente: “Fazer cocô dia sim, dia não”. As pessoas passaram mal de tanto rir, quase fizeram cocô, literalmente.

E aquela piada internacional, dita no Japão, sobre o nióbio, que serve é para fazer correntinhas e bijuterias?  Até os japoneses constataram como o nosso palhaço é realmente um especialista em palhaçadas.

Tem uma piada que até hoje é estudada pelos peritos do humor, e foi dita na época da pandemia, quando a plateia já havia sido levada ao uso da cloroquina (...). Foi quando o palhaço se referiu à vacina e àqueles que pretendiam toma-la: “Se você virar um jacaré, problema seu!”.

Tem ainda aquela piada sobre a compra da vacina: “Só se for prá casa de sua mãe!”.

A também piada vencedora do High Shit of World, que foi: “Sou imbroxável, imorrível e incomível”. Verdadeiramente um clássico. 

Tem aquela que foi selecionada para o prêmio “Palhaço Assassino”: “O grande erro da ditadura foi torturar, e não matar!

Foi uma palhaçada inesquecível, exatamente porque o palhaço também havia dito que “era favorável à tortura”. 

Também fez uma piada memorável quando disse que seus filhos “não correm risco de namorarem negras ou virarem gays, já que foram muito bem educados” ... (em rachadinhas?)

Tem uma piada que foi agraciada com a Ordem Fecal: “O policial que mata uns 20 ou 30 tem que ser condecorado, não processado”. 

E ainda, aquela piada premiada com menção “Flecha Perdida”, sobre os indígenas: “Tem que comer um capim ali fora, para manter suas origens.”

De fato, o palhaço deixou muitas palhaçadas, mas parece que não vai deixar saudades no circo.

(O palhaço saiu em procura de um novo emprego e, por ironia do destino, o primeiro anúncio com o qual se deparou: “Precisa-se de Coveiro”. (...) Pela primeira vez na vida o palhaço se entendeu como tal.)






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