Pagando a conta

Da Redação
Uma atrás da outra. A Comissão Parlamentar de Inquérito, ou simplesmente CPI, virou moda na política brasileira. Em Divinópolis não é diferente. Os pedidos constantes de instauração de CPIs pelos vereadores levaram o presidente da Câmara, Eduardo Print Júnior (PSDB), a dar um sermão em seus pares pelo excesso de solicitações em 2021. No entanto, o “puxão de orelha” do presidente do Legislativo não fez muito efeito. O que não falta na Casa são comissões. Tem de todo jeito, para todo “gosto”. Para investigar da Unidade de Pronto Atendimento Padre Roberto (UPA), para apurar a troca de terrenos em frente o estádio Guarani, para auditar os gastos com a segurança do Hospital Público Regional Divino Espírito Santo e, agora, surge a CPI para investigar a atuação da Vigilância Sanitária no caso da clínica de estética, onde um paciente teve uma parada cardiorespiratória na última semana.
A verdade é que na “Terra da CPI", nada é resolvido. É feito um estardalhaço, uma politicagem ferrenha em cima de determinado assunto, e pronto, acabou. Apenas o dinheiro público é gasto de forma irresponsável, pois uma Comissão Parlamentar de Inquérito custa – e caro – aos cofres públicos, e não traz retorno nenhum à população. O grande exemplo disso foi a CPI da Copasa. Tanto falou-se e nada se fez, pois o divinopolitano continua pagando as taxas que a companhia cobra do mesmo jeito. Pode-se citar também a CPI dos Áudios, que investigou o ex-prefeito, Galileu Machado (MDB), e seu ex-aliado, Marcelo Marreco, e terminou “em pizza”. Galileu terminou seu mandato e ainda concorreu à reeleição. A “CPI da Educação”, a mais recente então, nem se fale. Identificou, por meio de documentos, o pagamento de quase R$ 10 milhões na compra de brinquedos e materiais pedagógicos acima do valor de mercado. E como terminou?
Mas é assim: nada acontece, a não ser o desrespeito com o povo que elegeu seus representantes. O pior? Na cara dele. Instauram comissões, gastam o dinheiro e nenhum retorno. Chega a ser um vexame para a Casa que se diz do povo. Agora querem investigar a Vigilância Sanitária. Antes mesmo de o pedido ser aceito ou não, já é possível prever o resultado. Não vai dar em nada. A verdade é que se os vereadores estivessem cumprindo com o seu papel de fiscalizar a Prefeitura, talvez não seria necessário hoje a instauração de uma CPI. Se a parceria entre os dois poderes funcionasse como deveria, o desgaste não seria tão grande. Divinópolis segue assim. Os parlamentares agindo a seu modo, e a população aceitando tudo calada. Afinal, mais vale um vídeo com um discurso inflamado do que uma ação que de fato faça valer o dinheiro público e o salário para o qual eles são pagos. Lamentavelmente, em meio a tantas investigações, não dá para esperar absolutamente nada, quem dirá uma atuação que vá além das redes sociais e da politicagem barata. E o povo segue pagando a conta, que não é nada barata.