OUTRO DURO GOLPE DA AGROMÁFIA

CREPÚSCULO DA LEI – Ano V – CCLIII

 

As técnicas antijurídicas do crime organizado vindo da agromáfia não param. 

Pelo contrário. É como uma hidra de cabeças e tentáculos diversos e diversificados em tenebrosas práticas de assalto ao estado e ao povo brasileiro.

Um dos assaltos da agromáfia em andamento consiste naquilo que a imprensa tradicional vem (pouco) divulgando como o MARCO TEMPORAL nas terras indígenas.

Sem delongas, o MARCO TEMPORAL consiste no reconhecimento da legitimidade do povo indígena em suas terras somente a contar da data da promulgação da constituição federal, ou seja, a partir de 5 de outubro de 1988.

(...)

  Caso (ess)a tese se confirme, será um delito contra as comunidades originárias sem precedentes, um crime contra a humanidade, uma catástrofe, um ecocídio cumulado com genocídio.

Importa nunca esquecer que o Brasil foi invadido em 1500. 

Sim, haviam – até os dias atuais – os legítimos ocupantes destas terras que aqui habitavam legitimamente, e que foram covardemente atacados por bestas humanas.

Desde então o que se sucedeu foi uma carnificina, um genocídio atrelado a um conjunto de barbáries só comparável aos círculos da violência do “Inferno” de Dante (Alighiere).

Como conceber qualquer racionalidade jurídica que possa (cogitar em) dar legitimidade aos povos originários tão somente a partir de 1988? 

Não é uma piada, mas um crime, é uma hecatombe de monstruosidades da agromáfia, essa praga que assola o país desde os primórdios da escravidão. São os mesmos envolvidos. 

              Essa aberração jurídica do MARCO TEMPORAL teve início em 2009, envolvendo as terras indígenas de Raposa da Serra do Sol - nordeste de Roraima, quase fronteira com a Venezuela.            Era para ser uma decisão específica do STF, mas em 2019 a AGU – em defesa do absurdo – propôs a amplitude da tese para todos os demais casos envolvendo a demarcação de terras indígenas (TI) no Brasil.

Cáspite!

As terras pertencentes às comunidades originárias se constituem em pouco mais de 10% do território nacional e correspondem ao grosso movimento de preservação da vida e do meio ambiente do mundo, em uma taxa de desmatamento pouco acima de 1%.

Caso o assalto da agromáfia se concretize, a estimativa é que haja um desmatamento de 23 milhões de hectares, mas que pode chegar a 55 milhões de hectares. Tudo isso pode fazer desaparecer a vida dependente, mas fará a alegria dos pastos, da maldita soja, do garimpo, das mineradoras e do roubo de madeiras nativas.

Os políticos favoráveis a esta mortandade toda são os mesmos paspalhos que se vestem de hipocrisia para se mostrarem contra o aborto, em cínicos discursos à “favor da vida”.

Estudos admitem com isso até a possibilidade de resultados de emissão de 7,6 a 18,7 bilhões de toneladas de gás carbônico (CO2), tudo comparando-se em cerca de 200 anos de emissões de gás no Brasil, ou seja, um cenário distópico.

Enquanto estas linhas estão sendo escritas, o placar no STF contrário ao ecocídio do MARCO TEMPORAL estava em 4 a 2 pelo não reconhecimento desta monstruosidade.

Ainda faltam 5 ministros para votarem. 

Espera-se que a negativa vença.

Por Olorum, ninguém vive só de ouro. Nem de soja.

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