Outro ditador ridículo

CREPÚSCULO DA LEI – Ano VI – CCLXX

 

 

O sistema capitalista adora flertar com o autoritarismo. Afinal, não há como manter a vergonhosa distância de classes entre ricos e pobres sem uma perversão dos princípios democráticos. 

Aliás, a perversão capitalista se estende até onde ela possa adulterar os mecanismos de exploração, tornando-os “normas” da ordem social, mesmo que impostas pela violência.

O ditador da moda – enaltecido pelo capitalismo, evidentemente – chama-se Nayib Bukele e está “botando prá quebrar” em El Salvador. Um escroto, uma mistura de Augusto Pinochet com Nikolas Ferreira, e que faz questão de se apresentar como um “ditador cool”. Claro que a mídia capitalista o adora.

O ditador salvadorenho seguiu bem a cartilha de Thomas Hobbes (O LEVIATÃ) e encheu a população de medo. Motivos não faltavam, já El Salvador (assim como no Rio de Janeiro) estava tomada por gangues (formadas nos EUA), milícias conhecidas como MARA SALVATRUCHA, ou Mara 13, esteticamente reconhecidas por seus membros de cabeça raspada e tatuagens por todo o corpo, principalmente no rosto.

Tal gangue dividiu El Salvador em zonas (assim como no Rio de Janeiro) e colocou em prática um sistema de extorsão por “prestação de serviços”, associado ao narcotráfico internacional.

Daí, em 2019, o tal ditador chegou e prendeu todo mundo, aliás, todo mundo da classe baixa, claro. Bastava ser visto de cabeça raspada e corpo tatuado, pronto. Preso.

A coisa piorou em 2022. O tal ditador instalou um regime de exceção. Todos confinados (patuleia, classe baixa) sem o devido processo. El Salvador possui, atualmente, a maior população carcerária do planeta em termos proporcionais. 

Tem presídio em El Salvador com quase 100 mil presos. Praticamente 2% da população do país está presa, envolta em um show de horrores de violações de direitos humanos com mortes e torturas, daqueles que a extrema direita adora usar contra todos, menos contra ela.

Lá, ao menor sinal de rebelião ou ameaças externas, o ditador já deixou ordenado que a comida será cortada.

Como todo ditador admirado pela extrema direta, o ditador salvadorenho já afastou juízes da suprema corte do país, já invadiu o congresso com as forças armadas e (pasme-se!) presidiu a sessão que aprovou o projeto de seus interesses ditatoriais. Um descalabro.

Sem embargo, enquanto o tal ditador continuar prendendo pessoas da classe baixa, a classe alta ficará feliz, se enriquecendo e se deleitando com uma economia lastreada no dólar e em bitcoin.

O capitalismo e sua extrema direita são mesmos hipócritas. Entendem por democracia todos os abusos possíveis contra a classe baixa. O Brasil sabe bem o que é isso.

Por aqui a extrema direita é pura valentia contra os vulneráveis, onde vale a regra “bandido bom é bandido morto”. 

Todavia, quando os candidatos a ditador e sua família, seus partidos começam a ser investigados, quando os líderes de suas milícias começam a ser investigados, quando seus golpes começam a ser investigados, aí choram, ficam doentes e desmaiam. Chegam até a dizer que há uma “ditadura do judiciário”.

Todo ditador é assim, ridículo, assim como seus adeptos. Não seriam ditadores se não fossem ridículos.




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